22 DE NOVEMBRO DE 2012
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porque achamos que é a que mais testemunho pode dar — do passado e para futuro — de uma política que
facilite a convergência entre as economias europeias. Portanto, não é de resignação que estamos a falar.
Sr. Deputado, dizer que quem corta no seu Orçamento não tem autoridade para propor outra coisa na
Europa, nisso, peço desculpa, mas não concordo consigo!
Portugal está a executar uma política muito clara de consolidação orçamental, e não há nenhuma política
de consolidação orçamental que possa ser feita com mais despesa. Isso seria um contrassenso nos seus
próprios termos.
Portanto, o Sr. Deputado ou acha que Portugal, face à situação que tem, deveria fazer expansão
orçamental ou acha que Portugal deveria fazer consolidação orçamental e ter disciplina financeira! Fazer as
duas coisas não é possível, Sr. Deputado.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — A Europa não é para aqui chamada, Sr. Deputado, é uma questão de realismo:
Portugal precisa de fazer recuar o seu défice e a sua dívida se quer ter crédito para poder funcionar enquanto
Estado. Essa é uma posição de realismo que o Governo adotou desde o início. Podemos gostar mais ou
menos, e eu gostava muito mais que pudéssemos ter políticas mais expansionistas e contracíliclas nesta
altura, mas não o podemos fazer.
Outra coisa é o orçamento da União Europeia, porque esse não tem défice, como o Sr. Deputado sabe,
tem um nível de execução que pode estar mais em linha ou menos em linha com o nível de recursos que se
alocam para o mesmo. Portanto, não há défice aqui! Do que se trata é de, face aos recursos disponíveis, fazer
a sua alocação da forma mais eficiente possível. E a nossa regra sobre o que é mais eficiente está muito
explícita: é através do Fundo de Coesão, dos fundos estruturais e do 2.º pilar da política agrícola comum.
Julgo que, sobre isso, o Governo tem uma posição de muita autoridade.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo.
O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, aproveito para agradecer, em meu
nome e em nome da Sr.ª Deputada Catarina Martins, as palavras cordiais que nos dirigiu.
Retomando o debate, Sr. Primeiro-Ministro, a discussão que temos de travar é exatamente sobre a questão
do realismo e dos recursos disponíveis, e é aí que o Governo português revela toda a sua resignação.
Sr. Primeiro-Ministro, quer que algum português acredite que, diminuindo a capacidade de financiamento e
de investimento europeia, a Europa pode melhorar e que os recursos que cada país e cada Estado-Membro,
nomeadamente Portugal, passam a dispor vão ser maiores e podem ser melhor aproveitados? Sr. Primeiro-
Ministro, desculpe, mas isso é uma história mal contada, nada tem de realismo.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado, já percebi que acha que estamos resignados
quanto à alocação de recursos que os outros Estados podem fazer para o orçamento da União Europeia. Mas,
Sr. Deputado, não se trata de resignação, porque não somos nós que destinamos a quantidade de recursos
que cada Estado europeu entende dever alocar para a União Europeia.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo.