I SÉRIE — NÚMERO 20
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Tem a palavra o Sr. Deputado António José Seguro.
O Sr. António José Seguro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, há uma questão na qual
estamos de acordo e que fez parte da sua intervenção: este é um momento muito importante para o País,
decisivo mesmo, razão pela qual o Partido Socialista insistiu tanto para que este debate se realizasse e razão
pela qual o Partido Socialista tomou a iniciativa e a liderança de apresentar a este Parlamento um projeto de
resolução, com propostas concretas para que o Governo possa, no Conselho Europeu, assumir as posições
deste Parlamento que representa o País.
Em segundo lugar, quero dizer que o País sabe que o Partido Socialista está totalmente disponível para
juntar todos os seus esforços para que Portugal negoceie bem neste processo e possa defender melhor os
seus interesses na União Europeia.
Quero também dizer-lhe, Sr. Primeiro-Ministro, que fiquei surpreendido quando referiu que desde há muito
que insiste na resposta europeia à crise. Confesso que foi a primeira vez que o ouvi referir que há muito tempo
que insiste na resposta europeia à crise.
Vozes do PS: — É verdade!
O Sr. António José Seguro (PS): — Mas como nós ainda aguardamos que nos sejam fornecidas as atas
do Conselho Europeu, talvez essas atas possam esclarecer as intervenções que o Sr. Primeiro-Ministro fez no
Conselho Europeu em defesa de uma resposta europeia à crise.
Aplausos do PS.
Quero colocar-lhe uma pergunta, Sr. Primeiro-Ministro. Aliás, seguindo aquilo que o Sr. Ministro dos
Negócios Estrangeiros já tinha dito, o Sr. Primeiro-Ministro considera inaceitável a proposta do Conselho.
Então, Sr. Primeiro-Ministro, pergunto-lhe com clareza: o que é que considera aceitável? Dito de outra
maneira, pergunto: quando é que Portugal votará a favor do quadro plurianual e quais as condições para o
fazer?
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António José Seguro, fico muito contente por
saber que o Partido Socialista insistiu tanto neste debate quanto o Governo se mostrou disponível para nele
participar.
Apesar de estarmos a meio de um processo orçamental no Parlamento, desde a primeira hora que o
Governo se mostrou disponível para, nas modalidades que o Parlamento considerasse importantes, vir ao
Parlamento preparar este debate, fosse através da Comissão, fosse através de um debate com este formato.
Em segundo lugar, estou também bastante satisfeito por ouvi-lo dizer que o Partido Socialista está
disponível para juntar esforços que ajudem à negociação que Portugal deve realizar do orçamento europeu. É
importante que exista, no plano externo, essa convergência.
O Governo parte, como aqui assinalei, para esta negociação com duas baias: a de que não pode, durante o
processo de negociação, abandonar a ideia relevante de que tão importante como o envelope financeiro são
as condições de execução dos fundos, nomeadamente do fundo de coesão e os fundos estruturais, nem, do
outro lado, a possibilidade de equilíbrio que permita que um acordo possa ser alcançado, senão em condições
ideais em condições equilibradas, ainda este semestre.
Quando se parte para uma negociação, a nossa rigidez deve ser a menor possível, se queremos,
evidentemente, chegar a um acordo a 27. Portugal definiu, no entanto, e tem vindo a transmitir com muita
clareza, aquilo que não quer: não quer que, do ponto de vista da política de coesão, ela funcione como a única
variável de ajustamento aos cortes que têm vindo a ser sucessivamente apresentados.