I SÉRIE — NÚMERO 22
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É com medidas como esta que o Governo mostra a sua preocupação social com os mais desfavorecidos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — O Sr. Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social prescindiu de
intervir e, entretanto, inscreveu-se o Sr. Deputado Nuno Sá.
Tem a palavra, Sr. Deputado Nuno Sá.
O Sr. Nuno Sá (PS): — Sr.ª Presidente, tenho grande estima e consideração pelo Sr. Deputado Artur Rêgo
e pela Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes, mas tenho de considerar que estas duas últimas intervenções
ficarão, de facto, na história do nosso Parlamento, mas no anedotário político nacional.
Com o devido respeito e consideração, como referi, as intervenções que aqui foram feitas são espantosas
e dão grande vontade de rir.
Aliás, o Sr. Deputado Artur Rêgo, na discussão deste Orçamento do Estado, tem andado um pouco
distraído, porque já tinha anunciado aqui, no Plenário, que tinha sido aprovado e estaria a chegar a esta
Câmara um decreto-lei que repunha os 4.º e 5.º escalões do abono. Bom, continuamos, passados muitos dias,
Sr. Deputado Artur Rêgo, à espera desse famoso decreto-lei.
Haverá, portanto, alguma distração da parte do Sr. Deputado Artur Rêgo.
Quanto à Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes, quero dizer-lhe que foi o PSD que votou o congelamento
das pensões. Portanto, não pode ter agora esse discurso e proferir essas palavras.
Para além deste momento um pouco anedótico, é preciso atendermos, com toda a seriedade, à realidade e
ao que consta efetivamente do Memorando. O Governo e as bancadas que apoiam o Governo não podem ter,
relativamente ao passado, uma memória seletiva. Convinha que tivessem memória de elefante. A verdade é
que o descongelamento das pensões, ao contrário de outras malfeitorias, não é uma originalidade deste
Governo, é uma obrigação que decorre do Memorando…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — O quê?!
O Sr. Nuno Sá (PS): — … e que foi assegurada, no passado, pelo Partido Socialista, quando negociou o
Memorando com a troica, que obriga efetivamente ao descongelamento das pensões mais baixas.
Portanto, se isso ocorre, deve-se efetivamente a que o Partido Socialista, na negociação do Memorando,
tenha salvaguardado essas pensões e tenha conseguido o seu descongelamento.
Protestos do CDS-PP.
Srs. Deputados, é necessário mais rigor, mais seriedade e, eventualmente, até mais estudo por parte de
alguns dos Srs. Deputados da maioria. O Governo e a maioria não podem ter memória seletiva!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Passamos à proposta de artigo 111.º-A — Atualização das pensões e prestações
sociais.
Está, para já, inscrito o Sr. Deputado Jorge Machado, do PCP.
Faz favor, Sr. Deputado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, como
aqui ficou demonstrado, também no âmbito da segurança social o Governo PSD/CDS-PP ataca prestações
sociais numa altura em que a pobreza aumenta desgraçadamente no nosso País, numa altura em que cada
vez mais portugueses vivem com dificuldades.
O corte nas pensões é brutal. Congelam o valor nominal das pensões, o que agrava a injustiça e atira cada
vez mais reformados para a pobreza. Dizem aqui, o Governo e as bancadas da maioria, que vão aumentar as
pensões mais baixas. Mas a pergunta é esta: atualizar pelo valor da inflação e apenas algumas das pensões