I SÉRIE — NÚMERO 22
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Sr. Secretário de Estado, o seu Governo coloca mesmo os portugueses que enfrentam as maiores
dificuldades a pagar os seus desvios orçamentais. De Orçamento em Orçamento da vossa autoria, de
Orçamento retificativo em Orçamento retificativo da vossa autoria, VV. Ex.as
falham todas as previsões e
colocam os que menos podem a pagar as faturas dos vossos erros, o que é absolutamente inaceitável, porque
não há um mínimo de critério social nestes cortes.
É bom que fique claro que esta é uma opção política que reflete uma visão de sociedade deste Governo.
Não está no Memorando, não está em nenhum acordo que tenha sido feito pelo Estado português, é uma
originalidade vossa, é uma opção vossa.
O Partido Socialista defende a eliminação destes cortes e o prolongamento do subsídio social de
desemprego. E mais: apresentámos, do ponto de vista das soluções para o Orçamento do Estado, soluções
quer do lado da receita quer do lado da despesa que não põem em causa o equilíbrio orçamental.
Portanto, se o Governo persistir nestes cortes, é uma opção sua, é porque quer fazer isto aos
desempregados e a quem recebe o subsídio de doença.
Queria recordar que, no passado, no âmbito da negociação dos PEC, o então líder da oposição, agora
Primeiro-Ministro Passos Coelho, exigiu ao Partido Socialista o corte de 500 milhões de euros na despesa.
Passos Coelho não apresentou nenhuma iniciativa concreta, não disse onde é que esses cortes deveriam ser
feitos, dizendo na altura que era responsabilidade do Governo do Partido Socialista, que governava, fazer
esses cortes. Estamos a propor-vos muito mais. Fizemos muito mais do que isso. Estamos a dizer-vos como é
que podem conseguir o equilíbrio orçamental e não fazer esses cortes nas prestações sociais.
Caros membros do Governo, caros Deputados das bancadas que suportam o Governo, perante a
destruição do emprego em Portugal, o mínimo que podem fazer é aceitar a proposta do PS propondo a
eliminação destes cortes e prolongar a duração do subsídio social de desemprego por seis meses.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Adão Silva, do PSD.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, o sistema
previdencial da segurança social português vive hoje momentos de grande intranquilidade, que não remontam
apenas aos últimos meses, mas aos últimos anos, como aliás se veio agora a perceber, porque os primeiros
défices do sistema previdencial da segurança social começaram a aparecer em 2009. Claro que o Governo
anterior conseguiu camuflá-los o melhor que pôde e soube até que o Tribunal de Contas pôs estes mesmos
défices à vista.
Vivemos, pois, um tempo de rigor, um tempo de exigência e um tempo de responsabilidade para todos os
cidadãos que contribuem para o sistema público de segurança social.
Por isso, aquilo que se procura fazer, ao incluir uma taxa de contribuição para o subsídio de doença e para
o subsídio de desemprego, é garantir, em primeiro lugar, a sustentabilidade do sistema de segurança social e,
em segundo lugar, uma responsabilização por parte dos cidadãos que recebem esta prestação.
É preciso lembrar uma questão que é técnica, mas que facilmente se explica: qualquer cidadão que esteja
numa situação em que tenha de receber subsídio de desemprego e subsídio de doença tem a chamada
equivalência contributiva e, quando chega o momento de receber a pensão, recebe-a como se não tivesse tido
estas paragens por doença e desemprego.
O Governo tem também uma preocupação com a equidade social e, por isso, os valores que resultam das
majorações do subsídio de desemprego não são abrangidos pelos cortes.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado da Solidariedade e
da Segurança Social.
O Sr. Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social: — Sr.ª Presidente, queria começar
por recordar a esta Câmara que, no artigo 112.º, assim como noutros, este Governo apresenta um conjunto de