I SÉRIE — NÚMERO 25
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de euros de austeridade em 2012, foi este o vosso programa. Para menos de 1000 milhões de consolidação,
foi este resultado de um programa de empobrecimento deliberado do País.
Agora, diz-nos o Primeiro-Ministro que a solução é repetir, para 2013, 2014 e sabe-se lá até quando, a
dose que falhou estrondosamente em 2012. Mais austeridade, mais empobrecimento, a manutenção do saque
fiscal a quem vive do seu trabalho, o corte nas pensões e a redução dos níveis salariais.
Na verdade, o Sr. Primeiro-Ministro já o tinha dito. No domingo, dois dias antes de o Governo ter aberto os
cordões das nossas bolsas para enterrar mais 1100 milhões de euros no despesismo jardinista, Passos
Coelho foi ao congresso do PSD Madeira dizer que os portugueses ainda aguentam mais austeridade. Vê-lo
defender mais austeridade para todos os que trabalham e pagam os impostos no exato momento em que
passa um cheque, mais um, para Alberto João Jardim é das imagens que simboliza bem esta governação
falhada.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — No contexto da aprovação do Orçamento do Estado para 2013, o cheque
adicional de 1100 milhões de euros para Alberto João Jardim tem um nome, e vamos ser moderados nas
palavras: é traficância política!
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Que o tenha feito, enquanto dizia que os portugueses aguentam mais
austeridade, ai aguentam, aguentam — e abria a boca para lhe saírem as palavras dos banqueiros —, é só
mais um insulto que se junta ao rol dos muitos que fez ao povo português.
Aplausos do BE.
Sr.as
e Srs. Deputados, com aquele ar de quem nos está a anunciar, em primeira mão, a mais recente
descoberta científica no domínio da física quântica, o Primeiro-Ministro disse que o Governo é obrigado a
cortar 4000 milhões de euros na educação, na saúde e nas reformas dos portugueses, porque é aí que o
Estado gasta o dinheiro.
Como a estrutura da despesa pública é similar em toda a Europa, das duas, uma: ou o Sr. Primeiro-Ministro
era ignorante e não conhecia o Estado quando prometia fazer o ajustamento, cortando nas famosas gorduras
do Estado, ou sabia que não era assim e, portanto, mentiu — repito, mentiu — deliberadamente na campanha
eleitoral!
Vozes do BE: — Uma vergonha!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Em ambos os casos, seja por ignorância, incompetência ou má-fé, não tem
condições para permanecer no cargo.
Aplausos do BE.
Ou talvez o Sr. Primeiro-Ministro entenda que os gastos com prestações do sistema de segurança social —
leia-se: pensões, subsídios de desemprego e apoios sociais aos mais pobres e aos mais idosos, investimento
na educação das crianças e jovens e gastos de saúde —, afinal, são má despesa pública. Talvez pense que
devíamos gastar tudo em rotundas, submarinos e estoirar os fundos comunitários na formação de centenas de
trabalhadores de aeródromos que, afinal, não operam.
As promessas de ataque à segurança social, à educação e à saúde aí estão, sem margem para dúvidas:
todos os privilegiados do País, que, segundo o Dr. Pedro Passos Coelho, são aqueles que têm salários ou
pensões acima dos 600 €, verão cortados os apoios sociais, as suas pensões, as famílias com crianças e
jovens pagarão propinas para frequentar uma escolaridade que o Estado obriga e os doentes verão
aumentados os preços que já hoje pagam no acesso à saúde.