30 DE NOVEMBRO DE 2012
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O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Francisca Almeida, do PSD.
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Ana Drago, a declaração que aqui
proferiu, em nome do Bloco de Esquerda, foi feita com a inconsequência e a irresponsabilidade de quem sabe,
de antemão, que nunca vai ser chamado a assumir responsabilidades governativas.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Portanto, permite-se a tudo. Permite-se a tudo, Sr.ª Deputada!
Deixe-me dizer-lhe: o Bloco de Esquerda não apresenta uma alternativa e, portanto, não se apresenta,
sequer, como uma alternativa para o País e para os portugueses.
Protestos do Deputado do BE Luís Fazenda.
Contrariamente ao que afirmou da tribuna, o Primeiro-Ministro, que ontem deu uma entrevista televisiva,
veio falar aos portugueses com verdade, e é isso que, porventura, choca o Bloco de Esquerda.
O Partido Socialista não nos tinha habituado a isso — é verdade! —, mas o Primeiro-Ministro veio falar com
verdade aos portugueses, coisa a que já não estávamos habituados, concordo com a Sr.ª Deputada.
Quando se opõe a repensar o Estado e ao corte de 4000 milhões de euros na despesa pública, porventura,
o que o Bloco de Esquerda está a propugnar é o aumento de impostos. Essa é a conclusão que podemos
retirar, porque, Sr.ª Deputada, não existe dinheiro do Estado, o dinheiro é dos portugueses e esse dinheiro,
neste momento, é para pagar salários, prestações sociais, saúde, educação e manutenção de equipamentos.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — É para pagar juros, juros!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — E o BPN!
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Sr.ª Deputada, já em 2010, os impostos pagos pelos portugueses só
davam para pagar 66% da nossa despesa primária e, entretanto, o Partido Socialista tratou de agigantar essa
percentagem. Portanto, está mais do que na hora de enfrentarmos e de abordarmos esta questão.
Do que se trata, contrariamente ao que afirmou, não é de desmantelar o Estado social, não é de matar o
Estado social, mas, sim, de garantir a própria sobrevivência do Estado social!
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Temos pena que o Bloco de Esquerda não queria contribuir para este
debate.
A Sr.ª Deputada referiu-se, ainda, à insensibilidade social deste Governo, mas este Orçamento, como sabe,
não foi desejado, não foi escolhido por este Governo. Foi o Orçamento possível e foi o Orçamento necessário
face à situação em que este Governo encontrou o País, e a que VV. Ex.as
não se opuseram.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Quem aprovava os Orçamentos era o PSD e não o BE! Não se lembra?
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Apesar do quadro de enormes dificuldades, neste Orçamento foi
possível, ao contrário do que propugnava, por exemplo, o Partido Socialista, aumentar as pensões mínimas
em vez de as congelar; foi possível aumentar o prazo de garantia do subsídio de desemprego; foi possível
dinamizar o mercado social de arrendamento; foi possível isentar de IRS as prestações sociais; foi possível
promover o pagamento do IMI em três prestações.
Gostávamos de ter feito mais, Sr.ª Deputada? Sim, gostávamos! Mas, de facto, o estado em que este
Governo encontrou o País não nos permite fazer mais.