I SÉRIE — NÚMERO 29
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Todos temos consciência do momento difícil que vivem os nossos concidadãos, a quem tem sido exigido
um enorme sacrifício na assunção, nem sempre equitativa, das responsabilidades a que estamos obrigados.
Esforço e sacrifício que os portugueses têm cumprido na esperança de um futuro melhor para si e para os
seus.
Entretanto, o Governo vem desperdiçando todo o seu capital de confiança, frustrando, de modo sistemático
e contínuo, as expetativas com que se apresentou aos portugueses. Mês após mês, somos confrontados com
indicadores que demonstram à evidência que o Governo não cumpre, falha com a sua parte no contrato.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Muito bem!
O Sr. Ramos Preto (PS): — Com o mesmo sentido de responsabilidade dos portugueses, o Partido
Socialista, embora discordando da metodologia, dos critérios e das soluções adotadas no processo de reforma
do poder local, apoiou a redução dos cargos dirigentes das autarquias locais e viabilizou toda a racionalização
do setor empresarial local. Fê-lo consciente de que todos os setores da sociedade devem contribuir
equitativamente para que, no final, possamos salvaguardar o nosso bem-estar coletivo.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Ramos Preto (PS): — O Governo, à medida que impõe a todos os portugueses mais sacrifícios e
apresenta medidas de reforma administrativa desrespeitadoras da autonomia do poder local, tem a ousadia de
vir aqui apresentar-nos uma proposta de lei que permite a criação de algumas dezenas de cargos (eu diria
sinecuras douradas) nas comunidades intermunicipais,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — «Tachos»!
O Sr. Ramos Preto (PS): — … o que se traduz num aumento da despesa que pode ultrapassar 3 milhões
de euros anuais.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Ramos Preto (PS): — Perante esta ousadia do Governo, não podem contar com o Partido Socialista
para apoiar uma medida legislativa incoerente que, sob a capa da contenção de despesas, permite a potencial
criação de todos estes cargos.
Aplausos do PS.
Por outro lado, não aceitamos que haja um retrocesso na vida democrática do poder local, setor que todos
reconhecem como o único que tem manifestamente contribuído para a redução da despesa pública, como há
pouco o Sr. Ministro aqui referiu.
O Partido Socialista entende que o poder local democrático foi determinante para a consolidação da
democracia no nosso País. A participação de milhares de cidadãos, a maioria em regime de voluntariado, na
assunção de responsabilidades individuais e coletivas, numa qualquer unidade territorial em que se encontram
integrados, reflete o sentido de pertença de cada um com a sua comunidade.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Muito bem!
O Sr. Ramos Preto (PS): — Em Portugal, pela sua história e pela sua tradição, aplica-se, com toda a
propriedade, a seguinte frase de Alexis de Tocqueville: «No município é onde existe a força dos povos livres
(…). Sem instituições municipais uma nação forte pode ter um governo livre, mas carecerá de espírito de
liberdade».
O Sr. Mota Andrade (PS): — Muito bem!