4 DE JANEIRO DE 2012
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Mentira! Isso está na renegociação do Memorando feita por este Governo, não no Memorando original! Isso
resulta da renegociação, é uma opção de negociação entre o Governo português e a troica!
Aplausos do PS.
Quiseram assim. Podiam fazer diferente, mas quiseram assim, e vão ter de ouvir isto todas as vezes que
for necessário.
Sr. Deputado, em resposta à questão que me colocou, quero dizer-lhe que todos nós temos assistido a
declarações, mesmo do lado dos empregadores, no sentido de que esta não é, nem tem sido, a questão
fundamental para o crescimento das empresas e para o aumento da produção. Não é! Todos os
empregadores dizem, há mais de um ano — e dizem-no na concertação social, na sociedade, em todo o lado
—, que o problema em Portugal é de financiamento, mas o Governo português não dá uma única resposta
quanto a esta matéria.
O problema da economia portuguesa é de financiamento, o problema das pequenas e médias empresas é
de financiamento, não é andar de alteração em alteração da legislação laboral.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Miguel Laranjeiro, de facto, trouxe hoje uma
questão muito importante a debate e devo dizer que concordamos com muitas das apreciações que fez na sua
intervenção.
Desde logo, não é o facto de embaratecer os despedimentos que cria mais emprego, e o desemprego é o
problema primeiro da sociedade, ao qual o Governo não tem dado qualquer resposta. Portanto, embaratecer
os despedimentos significa a criação de mais desemprego, quando, como o Sr. Deputado bem disse, estamos
com mais de 1 milhão de desempregados, dos quais mais de metade não tem qualquer apoio social.
Mais do que discutir a forma como o Governo apresentou esta proposta, o que provocou de imediato a
«versão bombeiro» do CDS, que veio logo dizer que está cá para fazer algumas propostas em sede de
especialidade, a questão que lhe coloco é outra: todos e todas nós sabíamos que quando o Governo passou
de 30 para 20 dias as indemnizações por despedimento, estava aberto o caminho para ir mais longe — porque
o Governo quererá sempre ir mais longe, atacando os mesmos do costume —, mas aí, Sr. Deputado Miguel
Laranjeiro, não vimos qualquer resistência da parte do Partido Socialista. E qual era o argumento, Sr.
Deputado? Que o Memorando dizia que havia que adequar os dias de indemnização por despedimento à
média europeia. Sr. Deputado, tem de se adequar à média europeia muita coisa, desde logo os salários, mas
disso nem a direita nem o Partido Socialista têm querido falar. Dizia-nos hoje a UGT que é falso este
argumento do Governo.
Portanto, Sr. Deputado, o que hoje queremos saber, porque a direita já nos disse que está disposta a
negociar, é qual é a posição do Partido Socialista; se vai entrar nesta negociação ou se, pelo contrário,
acompanha a posição do Bloco de Esquerda, ou seja, que não é embaratecendo os despedimentos que se
resolvem nem o problema das empresas nem o problema do emprego.
Clarividência, clarificação e clareza são necessárias nesta altura. E nesta altura, em que tantos sacrifícios
são pedidos ao povo português, importa fazer uma oposição firme a todas as medidas que ataquem o
rendimento do trabalho.
Por isso mesmo, esperamos que o Partido Socialista tenha clareza na defesa da manutenção das
indemnizações por despedimento nos 30 dias, Sr. Deputado Miguel Laranjeiro, porque não aceitamos mais
cortes e mais sacrifícios.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Laranjeiro.