4 DE JANEIRO DE 2012
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Aplausos do PS.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Estamos a rir da figura ridícula que está a fazer!
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Sr.ª Presidente, peço a palavra para uma breve interpelação à Mesa.
A Sr.ª Presidente: — Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Sr.ª Presidente, queria saber se seria possível o Sr. Deputado Miguel
Laranjeiro fazer distribuir o estudo que, no início da sua intervenção, ele disse não existir.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Laranjeiro.
O Sr. Miguel Laranjeiro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Menezes, eu disse que não existia
um estudo sério,…
Vozes do PSD: — Ah!…
O Sr. Miguel Laranjeiro (PS): — … um estudo credível, um estudo independente.
Acham que um estudo feito nos gabinetes dos ministérios, nos gabinetes do Governo, é um estudo
credível? É um estudo sério? Não é! Toda a gente sabe que não é!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Definitivamente, não pode ir para o Governo!
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Miguel Laranjeiro, queria cumprimentá-lo e
elogiar o tema desta sua declaração política.
Sr. Deputado, efetivamente, o caminho deste Governo do PSD/CDS-PP não é outro senão o do aumento
da exploração de quem trabalha: ataca os salários; ataca a contratação coletiva de trabalho; ataca o subsídio
de férias e o subsídio de Natal; altera para pior o Código do Trabalho; reduz as indemnizações. E muitas
vezes — demasiadas vezes, diria — contou com o apoio do PS.
O PS, na votação na especialidade do Código do Trabalho, votou a favor da redução do direito de
descanso compensatório e da diminuição para metade do direito ao pagamento do trabalho suplementar,
facilitou o contrato de trabalho de muito curta duração, aumentando a precariedade, votou a favor do
despedimento por inadaptação, votou a favor da facilitação do banco de horas grupal, do roubo de três dias de
férias e do ataque à contratação coletiva; em todos estes casos o PS esteve sempre a favor. E, pasme-se,
também esteve a favor, ao lado do PSD e do CDS-PP, da redução das indemnizações; não esteve do outro
lado da barricada, esteve ao lado do PSD e do CDS-PP nesse combate.
A verdade é que, agora, o PSD e o CDS-PP propõem a redução da indemnização de um mês, que era a
indemnização que existia antigamente, para 12 dias, para cerca de um terço, com diferentes plafonamentos.
Nesta matéria, o Sr. Deputado fez questão de dividir o conteúdo da forma. E se relativamente à forma falou
dos estudos, do facto de a proposta de lei ter sido apresentada à socapa e de não existir um fundo de
compensações, as perguntas que devem colocar-se desde já, indo ao conteúdo, são as seguintes: se existisse
o fundo de compensações, o PS estaria de acordo com essa redução das indemnizações? Se esta proposta
de lei não tivesse sido apresentada à socapa, às escondidas, como referiu, se tivesse sido apresentada de
forma clara, o PS estaria de acordo com ela? Se o Governo tivesse apresentado um estudo (é verdade que o
estudo apresentado não é credível, compara coisas que não são comparáveis, desde logo porque não tem em
conta as remunerações acessórias, e não compara os salários), se o PSD e o CDS-PP arranjassem um
estudo (porque neste País, infelizmente, arranja-se estudos para tudo e qualquer coisa) que fundamentasse
estas propostas, o PS estaria de acordo com esta redução das indemnizações?