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I SÉRIE — NÚMERO 36

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Ao longo dos anos, tentou-se que o que era claro em 2008 ficasse mais nebuloso e que esta mudança de

culpas permitisse fazer passar uma série de políticas, como aquelas a que assistimos no nosso País. Será que

a banca faz parte do problema? Fez, em 2008.

Será que a banca continua a fazer parte do problema? A partir do momento em que o Estado injeta lá

dinheiro sem querer mandar em nenhum cêntimo e a banca utiliza esse dinheiro para especular novamente

sobre a dívida pública para, depois, junto do Banco Central Europeu, obter juros usurários sobre aquilo que é

de todos nós, sim, a banca continua a fazer parte deste problema. E se ao sistema financeiro não têm sido

pedidas responsabilidades, vemos que é exatamente essa fatura que tem sido cobrada, dia após dia, às

pessoas, àquelas que não tiveram nada a ver com esta crise, dizendo-lhes que vão ter de ficar sem

transportes, sem serviços públicos, sem a junta de freguesia, sem direitos… Aliás, o que vem aí — como

assistimos aqui hoje, apesar do incómodo da maioria —, é que o Governo dá o dito por não dito, novamente, e

até tira os direitos das indemnizações por despedimento. Tudo isto em nome de uma crise que as pessoas

não criaram!

Todavia, aos responsáveis continuam a ser dados os benefícios de sempre.

A banca poderia ter feito diferente? Podia, se tivesse alguém que, no lado financeiro — e a Caixa Geral de

Depósitos poderia ter feito esse papel em Portugal —, tivesse tido uma política responsável para a economia,

capaz de criar emprego. No fundo, tal como dizia há pouco o Deputado Basílio Horta, o Estado devia ter uma

voz capaz de ter uma ação na economia, coisa que não teve nos últimos anos e deveria ter tido.

O que não podemos aceitar é que se compense quem, na prática, tem sido parte do problema e que se

sacrifiquem os que têm sido, afinal, os penalizados por todos estes problemas. Salvar as pessoas, sim! Salvar

os bancos, sacrificando as pessoas, aí não podemos concordar.

Aplausos do BE

Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Guilherme Silva.

O Sr. Presidente: — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Pacheco.

O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, a primeira ideia que me

ocorre é que a demagogia tem limites.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Tem razão!

O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — E a demagogia tem limites pelo seguinte: os senhores estão sempre

disponíveis para conversar sobre tudo, mas quando se fala do setor financeiro ou da banca, cegam! Criam

uma urticária, deixam até de refletir, de raciocinar e passam o limite de qualquer debate sério sobre política em

geral. E porquê, Sr. Deputado? Quando se fala da recapitalização da banca, em primeiro lugar, é preciso ter

em conta que não estamos a dar dinheiro aos bancos, estamos a emprestar!

Vozes do PCP: — Ah!…Sim, sim!…

O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — E é um empréstimo que tem um juro muitíssimo superior àquele a que o

Estado se financiou no empréstimo da troica.

Em segundo lugar, está resguardado no acordo que foi feito para a recapitalização da banca que o Estado

terá sempre cuidado a ter dividendos prioritários quando houver dividendos a distribuir.

Em terceiro lugar, o Estado passa a nomear representantes seus na administração dos bancos,

acautelando, por essa via, que o interesse público será salvaguardado.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não fazem nada!

O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Logo, dizer que estamos a «dar dinheiro à banca» não é uma expressão

correta, e o Sr. Deputado sabe que não é correta.