4 DE JANEIRO DE 2012
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É, é!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Acresce que, de facto, quando falamos de setor financeiro, os senhores
esquecem tudo.
Se houver uma empresa que vai fechar e que despeça 100, 500 ou 1000 trabalhadores, os senhores
sentem-se preocupados; mas se for um banco que, porventura, feche, despedindo 50, 100 ou 1000
trabalhadores, não faz mal nenhum, porque são poderes do mal, na vossa ótica.
Todavia, temos de pensar nos trabalhadores, temos que pensar nos depositantes de qualquer instituição
financeira, porque se um banco fechar os depositantes serão os primeiros a ser afetados. Acresce ainda, Sr.
Deputado, que todos sabemos que só uma banca recapitalizada pode desempenhar verdadeiramente o seu
papel de crédito e de financiamento à economia.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Agora defendem o «recapitalismo»! Querem passar do capitalismo para o
«recapitalismo»!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Pois bem, os processos de recapitalização da banca previstos no
Memorando com a troica e subscritos pelo Partido Socialista — e bem — estão em curso. Mas não é com
apenas seis meses de recapitalização que os efeitos imediatos no crédito à economia devem ou podem ser
sentidos.
Sr. Deputado Basílio Horta, partilhamos o raciocínio de que temos de assegurar que a banca recapitalizada
vai financiar a economia, mas o senhor é o primeiro a reconhecer — nos estudos que evidenciou — que não é
em seis meses de recapitalização que esse financiamento vai desde logo alterar-se.
Por isso, estaremos atentos, Sr. Deputado. Mas traga seriedade ao debate político para que os
portugueses tenham a certeza de que não estamos a dar dinheiro a ninguém; estamos, sim, a emprestar a
condições financeiras de tal modo que o interesse público está perfeitamente salvaguardado.
Aplausos do PSD e do CDS-PP
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Duarte Pacheco, deixe-me dizer-lhe, de
forma simpática, que, pelo menos, teve a coragem de romper o muro de silêncio que a direita tinha criado
sobre este tema. Vá lá!
Também com toda a frontalidade, quero dizer-lhe que ainda me recordo quando a Dr.ª Manuela Ferreira
Leite, de cima da tribuna, dizia que «quem paga, manda», e o PSD levantava-se a bater palmas, contente com
a afirmação. E o Sr. Deputado não disse o contrário, até estava lá, também bateu palmas, também se
levantou! Só que, agora, o Estado paga mas não manda — e eu não ouço a sua voz. Isso será demagogia, Sr.
Deputado? Provavelmente!
Risos do BE.
Ouvíamos o PSD falar das pequenas e médias empresas, da necessidade de proteger a economia… Vá lá
agora falar com elas, Sr. Deputado, e perceberá que muitas das pequenas e médias empresas vêm as portas
fechadas do crédito, e é por isso, também, que estão a ir à falência. E não vejo o PSD preocupado com isso!
Protestos do Deputado do PSD Duarte Pacheco.
Afinal, será isto demagogia, Sr. Deputado? Se calhar, será. Mas também não o vejo preocupado,
concretamente — e esta é que é a parte que me choca —, com o que se passa com o Banif.
Podemos falar do BPI, até perguntar se o BPI poderia ter feito mais sobre a economia, e a resposta é sim,
podia. O BPI, como o Sr. Deputado sabe, por ter andado a jogar com a dívida pública portuguesa, comprando