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4 DE JANEIRO DE 2012

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Tem a palavra o Sr. Deputado Basílio Horta.

O Sr. Basílio Horta (PS): — Sr.ª Presidente, através de V. Ex.ª, desejo a todos os seus e à Câmara um

excelente 2013, se for possível essa excelência.

Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, ouvi com atenção a sua intervenção e ainda bem que trouxe esse tema

a esta Assembleia, porque é um tema verdadeiramente importante.

O Partido Socialista encarou a recapitalização da banca não como um fim em si mesmo mas como um

instrumento que tinha três grandes objetivos: liquidez, capital e alavancagem. Pois bem, se em relação ao

capital e à liquidez determinados rácios podem dar-nos alguma tranquilidade, no que toca ao crédito à

economia estamos profundamente dececionados e extremamente intranquilos.

A verdade é que o instrumento e a justificação de se pedir aos portugueses um esforço de tal maneira

grande para capitalizar a banca era a de que a banca financiasse a economia, financiasse o investimento e

criasse emprego, ou seja, que a finalidade social da recapitalização pudesse ser atingida.

Nada disto está a acontecer.

Saiu no dia 4 de dezembro um estudo da Universidade Nova, chamado Banking and Financial Systems,

com a colaboração, entre outros, do Professor Pita Barros (que vem na sequência, aliás, de outros estudos),

que demonstra que o crédito à economia está a descer e que o único setor onde está ligeiramente a aumentar

é no exportador, mas, ainda aí, nas grandes empresas, pois as PME exportadoras não estão a ter crédito, por

isso o crédito malparado do setor exportador aumenta de 330 milhões para mais de 640 milhões de euros.

É esta a realidade que temos perante os nossos olhos. Ou seja, o grande objetivo da recapitalização, que

devia ser instrumental do crescimento económico e do emprego, não está a ser atingido. Logo, este é um

esforço inglório que está a ser pedido aos portugueses.

Daí o que é que vai resultar? Daí resultam falências em série, cada vez maiores! A tal «espiral recessiva»

de que falava o Sr. Presidente da República, recessão essa que gera o crédito malparado, que é hoje o

grande problema da banca…

Vozes do PS: — Muito bem!

O Sr. Basílio Horta (PS): — … e que, se continua a aumentar da maneira como está a aumentar, vai afetar

os rácios de capital e de liquidez, necessariamente. E nós temos um problema de uma seriedade enorme em

relação à própria estrutura do sistema financeiro português.

Portanto, o que está em causa é de uma gravidade enorme. Aliás, quando o Sr. Presidente da República

falou na «espiral recessiva», creio — é a minha opinião pessoal, que só me vincula a mim — que fez o maior

ataque que até hoje foi feito à política económica e financeira do Governo.

Creio mais ainda: se bem conheci dois ex-Primeiros-Ministros, com quem tive a honra de trabalhar, o Dr.

Mário Soares e o saudoso Dr. Francisco Sá Carneiro, não demoraria muito a terem o pedido de demissão em

cima da mesa se esta fosse a intervenção do Sr. Presidente da República.

Vozes do PS: — Muito bem!

O Sr. Basílio Horta (PS): — É de uma gravidade enorme o que é dito, embora certo! Porque o caminho

que está a ser seguido, neste momento, é um caminho da ruína e da destruição da economia, do tecido

produtivo português e do emprego em Portugal.

É, realmente, verdade que é uma insustentável situação social a que este caminho está a trilhar.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: — Queira fazer o favor de terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Basílio Horta (PS): — Termino já, Sr.ª Presidente.