4 DE JANEIRO DE 2012
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Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — É este o objetivo do pacto de agressão da troica, subscrito pelo PS, PSD e CDS:
espoliar os direitos e os rendimentos dos trabalhadores para garantir as principescas rendas de uma classe
parasitária.
Só com a rejeição do pacto de agressão é que será possível pôr fim ao escandaloso favorecimento dos
interesses do grande capital nacional e estrangeiro, aos brutais sacrifícios impostos aos trabalhadores,
reformados e pensionistas, à recessão económica e ao aumento do desemprego, à asfixia das micro e
pequenas empresas, ao aprofundamento das desigualdades e injustiças sociais e à alienação da soberania
nacional.
Reafirmamos a necessidade de uma política patriótica e de esquerda que valorize o trabalho, melhore os
salários, pensões e reformas e, em geral, eleve o nível de vida dos trabalhadores e do povo português,
colocando Portugal no caminho do crescimento económico, do progresso e da justiça social.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveu-se, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Paulo Sá, devo dizer-lhe que o tema que
trouxe não me suscita uma pergunta, apenas uma enorme estupefação.
A verdade é que, passados 5 anos da maior crise financeira que qualquer um de nós viveu, fica claro que a
culpa não é dos cidadãos e que a crise está muito longe de ser ultrapassada.
Não tendo a culpa sido dos cidadãos, muitas e muitos parecem já ter esquecido que a crise começou de
onde nunca saiu: do sistema financeiro. O problema é que, não tendo saído de lá, alastrou-se depois à
economia e bateu à porta de muitos homens e mulheres que, em Portugal e no mundo, pagaram esta crise
para a qual não contribuíram com os seus postos de trabalho.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — E alguma vez foram pedidas responsabilidades a quem de direito?
Não! Não foram assacadas responsabilidades a quem de direito.
O que vemos, apenas e só, é que sempre que precisou de ajuda, o sistema financeiro foi salvo pelos
Estados. E mesmo quando o sistema financeiro se virou para os Estados e exigiu ainda mais, com ataques
especulativos atrás de ataques especulativos, atingindo os Estados, os cidadãos, as conquistas de décadas, o
que constatámos foi que, governo atrás de governo, os bancos foram salvos, o sistema financeiro passou
incólume e, agora, é às pessoas que são pedidos sacrifícios, mas aos bancos nenhum sacrifício é pedido.
Por isso, a estupefação é enorme. É que, sobre este tema, o Governo nada diz mas tudo faz em favor dos
bancos, tudo faz para a salvação daqueles que descapitalizaram a banca nacional e a quem, agora, não é
pedida nenhuma responsabilidade.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — O Governo trouxe ao debate público o corte de 4000 milhões de euros
no Estado social, mas, apenas num ano, já deu 5600 milhões de euros à banca privada, sem pedir
responsabilidades pela injeção de dinheiro na economia!?
Sr. Deputado, com esta realidade, com estas escolhas, deixo apenas uma palavra de estupefação e da
necessidade imperiosa de romper com estas políticas e com este Governo.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá.