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I SÉRIE — NÚMERO 36

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O Sr. Adolfo Mesquita Nunes (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, aproveito para lhe desejar um bom ano e,

através de si, a todos os Srs. Deputados e aos trabalhadores desta Casa.

Sr. Deputado António Rodrigues, o maior problema que Portugal enfrenta é — como, aliás, até é

reconhecido pelo Partido Socialista, o do endividamento. E o endividamento resulta da circunstância de

Portugal gastar mais do que aquilo que pode — é por isso que tem de pedir dinheiro emprestado.

Portanto, a única forma que Portugal tem de reduzir o seu endividamento é ou gastar menos ou ter uma

política de maiores receitas e, portanto, mais impostos. Assim, a opção que o Governo português tem de fazer,

este ano e nos próximos anos, é entre cortar na despesa nestes próximos meses, como o próprio Governo já

pediu, ou continuar numa política que depende da carga fiscal.

Ora, a pergunta que lhe faço é, primeiro, se considera ou não que, para reduzir o endividamento, é

essencial optar pela redução da despesa e, segundo, qual é o contributo que os partidos da maioria poderão

dar para essa tarefa. E também quero chamar a sua atenção, Sr. Deputado, para o facto de o Partido

Socialista não querer mais impostos nem querer reduzir a despesa.

Quanto à política europeia (se é de política europeia que estamos a falar), a política europeia que o Partido

Socialista nos veio pedir para fazer é a de um Governo parasitário que não corta na despesa nem aumenta a

receita e que está à espera que alguém, lá fora, daqui a alguns anos, possa, talvez, ajudar Portugal.

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

O Sr. Adolfo Mesquita Nunes (CDS-PP): — Sei que fica bem dizer, e é fácil fazê-lo, que queríamos ter um

Governo que fosse exigente lá fora — como se as exigências não fossem feitas dentro das salas de

negociação! Mas a verdade é que o Governo português tem de estar cá todos os dias, tem de governar 365

dias por ano, e não está apenas sentado ali naquela bancada a dizer que não se corta na despesa nem se

aumenta a receita e que, um dia, há de chegar quem nos venha ajudar. Aliás, essa foi a estratégia seguida

pelo Governo socialista e que nos levou à necessidade de pedir ajuda externa.

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

O Sr. Adolfo Mesquita Nunes (CDS-PP): — Portanto, a pergunta que lhe faço é esta: para resolver o

problema do endividamento, estamos ou não perante uma opção entre mais receita ou menos despesa? E

qual é, dessas duas alternativas, aquela que o Sr. Deputado considera mais eficaz, sendo certo que ambas,

reconheça-se, têm efeitos evidentes na economia?

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Rodrigues.

O Sr. António Rodrigues (PSD): — Sr.ª Presidente, agradeço as perguntas que me foram dirigidas,

principalmente por parte do Sr. Deputado António Braga. Isto, por duas razões.

A primeira é que os senhores continuam a fingir que não estiveram no Governo nos últimos anos,

continuam a agir como se não tivessem qualquer responsabilidade, quer de Governo, quer de compromissos

internacionais que assumimos, quer de contributo para o défice.

Devo recordar, aliás, que, tanto quanto me lembro, foi o Governo de que V. Ex.ª fez parte que aumentou o

défice, de 2007 para 2009, em quase 5 pontos percentuais. Ora, parece que os senhores não têm

responsabilidade nisso, nem na situação em que agora nos encontramos.

Mas, mais grave do que isso, é que, depois de terem saído do Governo, depois de estarem na oposição,

continuam, apenas e só, a querer comparar-nos com o menos positivo que a Europa tem, que é a Grécia — e

eu não falei em país algum, foi o senhor que falou na Grécia. Mas por que é que não querem comparar-nos

com os países que melhor desempenho têm? Por que é que não falam na Irlanda, na França, na Itália, que

têm tido desempenhos positivos nos últimos anos? Por que é que têm sempre tanto medo de tudo? Têm medo

do vosso desempenho, têm medo de se comparar com os melhores e, acima de tudo, têm sistematicamente

medo de assumir por que é que são incapazes de cortar na despesa. Por que é que não assumem, de uma