I SÉRIE — NÚMERO 36
20
enquanto uns dizem que o Sr. Presidente da República dá a mão ao Governo, outros dizem que o Sr.
Presidente da República critica o Governo. Portanto, nem aí se conseguem entender! Quase parece a postura
costumeira do Partido Socialista, em que metade vai para um lado e a outra metade vai para o outro.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Assim é a esquerda, em que a área mais à esquerda vai para um lado
e a outra área vai para outro. Portanto, entendam-se, por favor, relativamente àquilo em que se querem unir
para construir uma alternativa para o País e deixem os outros, que querem trabalhar, continuar a trabalhar!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Essa argumentação está um bocado fraca!
O Sr. António Rodrigues (PSD): — É isso que está aqui em causa: o facto de querermos trabalhar.
Assumimos o encargo, a responsabilidade de, com seriedade, devolver este País ao caminho certo, ao trilho
exato.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Está a ver-se!…
O Sr. António Rodrigues (PSD): — E a prova disso está em que, hoje em dia, todos consideram que as
finanças públicas estão no caminho correto.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Todos quem?!
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Basta ver o que tem sido o comportamento dos mercados
relativamente à dívida portuguesa.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Oh! Isso não tem nada a ver com o Governo! Isso é com o BCE!
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Há um ano, os juros estavam no dobro ou no triplo do que estão hoje.
Ainda hoje, batemos mais um recorde de 24 meses, ou seja, melhor do que qualquer registo final de qualquer
Governo socialista.
Comentando também a intervenção do Sr. Deputado João Oliveira, deixem-me recordar-vos o seguinte: o
que aqui está em causa é reconstruir o País, o que aqui está em causa é voltar a pôr o País na situação em
que ele deve estar. E não é com as greves sistemáticas que se verificam que isso se consegue. Como, há dois
dias, alguém dizia: quando eu for a uma estação para apanhar um comboio e ela não estiver a funcionar, é
porque é feriado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Se os senhores não cortassem os salários às pessoas, não havia greves!
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Por aqui se vê a forma como as greves são feitas. As greves são
feitas a pensar não na produtividade mas na destruição. E do que o País precisa é de dizer àqueles que
clamam por crescimento «bem-vindos, mas trabalhemos pela produtividade», e àqueles que clamam pela
destruição «bem-vindos, chamamo-los para virem ter connosco».
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
Por isso, digo-vos: nós acreditamos que aquilo que estamos a fazer é adequado, é correto. E pagamos o
preço da impopularidade, se for preciso, porque achamos que não fazemos coisas fáceis, nem tomamos
decisões simples. Tomamos as decisões que temos de tomar para repor o País no trilho exato. Se, daqui a um
ano, tivermos de ser julgados por isto, seremos. Mas, até lá, continuaremos a fazer o que achamos que é
correto para o País.