4 DE JANEIRO DE 2012
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bancos milhares de milhões de euros e, a seguir, estes bancos começam a despedir trabalhadores e a
encerrar balcões. Um verdadeiro escândalo!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Dinheiros públicos para financiar despedimentos!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, mais uma vez, queria agradecer a pergunta
que formulou e lamentar que os partidos da política de direita, responsáveis por esta situação e que assinaram
o pacto de agressão com a troica, que prevê 12 000 milhões de euros de ajuda para a banca, não queiram
participar neste debate e esclarecer os portugueses em questões tão básicas como esta: porque é que não
são os acionistas privados do Banif a recapitalizar o seu banco? Porque é que tem de ser o Estado a correr o
risco e a fazer isso?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Entre os pingos da chuva da
passagem de ano e enquanto os cidadãos contavam as passas e as badaladas para dar as boas-vindas a
2013, o Governo «salvou» mais um banco.
O dia em que o Governo comunicou esta injeção de capital e a forma como a conduziu não é inocente e
expressa bem a opacidade da operação e o incómodo de Vítor Gaspar com um negócio que tem tudo, mas
mesmo tudo, para sair caro, muito caro aos contribuintes.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Tudo o que se conhece deste processo aponta para a forma displicente
como o Governo acautelou os interesses dos contribuintes, que se podem ver a braços com mais um buraco
financeiro, entregando 1100 milhões de euros e assumindo riscos futuros num pequeno banco afundado em
dívidas e completamente descapitalizado.
O Estado português avança com 1100 milhões de euros para um banco avaliado em 570 milhões de euros,
mas nem assim terá qualquer voz na sua gestão. É a nacionalização na versão PSD e CDS: o Estado paga,
assume os riscos, mas nada tem a dizer sobre a condução dos destinos do banco. Isto não é uma injeção de
capital, nem sequer é uma nacionalização.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.as
e Srs. Deputados do CDS e PSD, isto é a expropriação do
dinheiro dos contribuintes.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Falemos claro: o dinheiro que o Governo colocou no Banif, sem
nenhumas garantias de o voltar a ver, é mais do que o subsídio retirado aos funcionários públicos, ou quase
tanto como a sobretaxa de IRS criada agora pelo Governo.
Os sacríficos para as pessoas estão a servir, na prática, para salvar os bancos privados.
Ainda estamos bem lembrados de quando Manuela Ferreira Leite, então líder do PSD, veio ao Parlamento
dizer que «quem paga manda». Pois, mas nunca é assim quando, na prática, se trata dos interesses da banca
e, muito menos, com este Governo. Por muito que o Estado pague quem manda é sempre a banca; falida ou
não, os seus interesses são os que contam para o Governo. Na antecâmara do «enorme aumento de
impostos» para 2013, vemos, afinal, para que servem os sacríficos.