I SÉRIE — NÚMERO 36
38
não têm qualquer fundamento factual. Pior era impossível e, portanto, nesse aspeto, partamos do debate da
realidade e daquilo que está a acontecer.
A taxa de aprovação aumentou, as taxas de execução também aumentaram, há instrumentos de crédito,
tudo isso é importante do ponto de vista da dinamização da economia, mas a questão não deixa de ser, tal
como ainda há poucos dias aqui referi a propósito da questão das quotas de pescas e da reforma da política
comum de pescas, a reforma da PAC.
A reforma da PAC é uma «tesoura» com dois problemas: um é o desenho da própria política agrícola e o
outro é a diminuição das perspetivas financeiras. E, tal como o PSD, na semana passada, aqui vinha dizendo
que, paulatinamente, se estavam a conseguir melhores condições de negociação, não sendo preciso andar
com um megafone na mão para alterar a política comum de pescas a contento de Portugal, pergunto-lhe, Sr.
Deputado Abel Baptista, em relação à PAC, quais são as condições que temos para manter as taxas de
execução dos fundos europeus nos futuros pilares que a política agrícola comum venha a ter, se as
perspetivas financeiras forem guilhotinadas. Quais são as condições?
Portanto, muito bem, há uma execução muito razoável do PRODER, nas circunstâncias em que estamos a
fazer atualmente uma utilização de fundos comunitários, mas a pergunta mantém-se — é estrutural, é de
fundo, vai acompanhar-nos até 2020: quais são as perspetivas financeiras e que garantias tem esta maioria?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Abel Baptista.
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Fazenda, os setores deste País que
melhor conheço são o agroflorestal e o das pescas.
Neste momento, milhares de trabalhadores, nomeadamente pescadores, estão a trabalhar, estão a
produzir, a criar riqueza, que, em termos de exportações, representa mais de 12% das exportações nacionais.
Lamento, pois, que o Sr. Deputado tenha iniciado a sua intervenção praticamente desvalorizando «essa coisa»
da agricultura e das pescas.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Não, não!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Referiu que «está a correr tudo muito mal ao Governo e o CDS e o PSD
entretêm-se aqui a falar de coisas de agricultura e pescas». Enfim, o PS também desvalorizou essa questão.
O problema, caro Sr. Deputado Luís Fazenda, é que a agricultura é um importante setor para o
desenvolvimento do País, não só por razões económicas mas também por razões de planeamento do
território, por razões de ocupação do território, por razões ambientais, por razões ecológicas e até por razões
turísticas, e a agricultura não tem de ser tratada mais ou menos como uma qualquer coisinha.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Veja lá se já fizeram uma intervenção sobre a indústria! Nada!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Sr. Deputado Luís Fazenda, relativamente à indústria, como sabe, toda
a indústria do papel, de transformação das madeiras, de mobiliário depende do setor primário a que está
ligada e submetida, portanto não vá por aí porque vai mal. Fica-lhe mal, Sr. Deputado, até porque pertence a
um partido que quer ter uma responsabilidade maior no âmbito da política portuguesa e quer ser mais
interclassista, excluir uma boa parte da população, que é a que trabalha no sector primário, seja na agricultura,
seja na pesca. Isso fica-lhe mal.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!