17 DE JANEIRO DE 2013
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O Sr. Jorge Machado (PCP): — Disse e repito: há vários exemplos de lutas de trabalhadores que fizeram
com que saísse derrotado o pagamento de trabalho extraordinário por esses valores vergonhosos. Este é ou
não o caminho para derrotar este Código do Trabalho?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para responder, Sr.ª Deputada Mariana Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jorge Machado, muito obrigada pelas suas
questões.
De facto, a política do Governo tem sido de ataque a todos os direitos, para que depois não haja direito
nenhum. E ela tem sido seguida em toda a linha, nomeadamente no ataque ao subsídio de desemprego e no
ataque à contratação coletiva, e era aqui que queria centrar muita da minha intervenção.
O Governo, que diz respeitar a contratação coletiva e as negociações livremente efetuadas entre os
trabalhadores e as empresas, é o mesmo Governo que vem, através de uma lei, «abalroar» a negociação
coletiva.
A negociação coletiva foi uma conquista de anos e anos das classes em Portugal; a negociação coletiva
baliza a essência do direito do trabalho. E é exatamente isto que está hoje, aqui, em causa: retirar o direito
coletivo dos trabalhadores, retirar a livre negociação entre as partes, só pode fragilizar os trabalhadores.
Por isso, são tão importantes estas lutas, que nos dão nota de que não há inevitabilidades, nos dão nota de
que os trabalhadores querem defender aquilo que é o seu coletivo: as negociações livres e democraticamente
feitas. O pagamento do trabalho extraordinário, o pagamento dos dias de descanso obrigatório e de descanso
compensatório, da forma como o Governo está a impor neste Código do Trabalho, da forma como impôs neste
Orçamento do Estado, é um retrocesso na civilização, nos direitos dos trabalhadores em Portugal, num País
onde, como já afirmei, o custo do trabalho só tem comparação com a Roménia.
Há aqui dois pesos e duas medidas e o Governo ataca sempre estes direitos. Por isso é que estas lutas
vão continuar e apelamos a que todos se juntem a elas, porque este Governo não tem saída, não tem
legitimidade para impor mais cortes nos direitos, para no final acabar com todos eles.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Pelo PS, para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Sá.
O Sr. Nuno Sá (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, trouxe aqui um tema extremamente
atual e importante.
No que respeita às preocupações que aqui expressou, queria dizer-lhe (como sabe, aliás) que o Grupo
Parlamentar do Partido Socialista tem exatamente algumas dessas preocupações, designadamente no que
toca à defesa da contratação coletiva. E, para além da defesa da contratação coletiva, valorizamos e
praticamos o diálogo social, promovendo a paz e o consenso sociais. Valorizamos, praticamos e queremos
concretizar! Fizemo-lo no passado e queremos fazê-lo no futuro.
Sr.ª Deputada, tenho comigo um documento da Comissão Permanente de Concertação Social, o acordo
dos parceiros sociais celebrado em janeiro de 2012, onde constam 10 páginas de compromissos assumidos
pelo Governo PSD/CDS-PP com os parceiros sociais no sentido da criação, defesa e promoção do emprego.
É um acordo feito com os parceiros sociais na área das preocupações que a Sr.ª Deputada aqui nos trouxe.
Vejamos, em síntese, o que é que se prevê nessas 10 páginas do acordo de concertação social e o que é
que está concretizado. Façamos esse exercício.
Restruturação da rede de centros de emprego, criação de um gestor de carreira: não existe, não passou do
papel.
Resultados da aplicação da Medida Estímulo 2012: um desastre.
Programa Impulso Jovem, destinado à criação de emprego para os jovens: anda o Governo aflito a «bater
em todas a capelinhas» — aliás, estranhamente, o Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares e o
Secretário de Estado do Desporto e Juventude — para tentar que mais jovens, mais instituições, mais áreas