I SÉRIE — NÚMERO 41
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possam «embarcar» no Programa Impulso Jovem. Não há impulso que salve a falta de políticas de criação de
emprego.
Medida de acumulação do subsídio de desemprego: aquilo a que assistimos no Orçamento do Estado foi a
um corte brutal nas prestações sociais.
Formação de desempregados, formação contínua, cheque-formação: sabemos bem qual é, hoje, o
panorama na formação profissional e no apoio aos desempregados de longa duração, em Portugal. O
panorama é negro: formações modulares, ineficientes, que não têm aplicabilidade nem, sobretudo,
empregabilidade.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Sá (PS): — Termino, Sr.ª Presidente.
Portanto, nada daquilo que estava previsto nas medidas para a criação de emprego foi feito.
Mas, para terminar, Sr.ª Presidente, queria dizer que a grande questão desta discussão é a seguinte: para
o Governo PSD/CDS-PP, a panaceia para a criação de emprego é a reforma do Código do Trabalho, é a
flexibilização laboral. Pergunto à Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, que também se ficou só pela questão da
defesa Código do Trabalho, se não acha que nada se resolverá se não houver uma agenda para o
crescimento e para o emprego.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Nuno Sá, muito obrigada pelas questões que
me colocou.
Naturalmente, a criação de emprego só acontece numa economia que cresce e o que este Governo tem
feito é pôr a nossa economia cada vez mais numa espiral recessiva. Aliás, como já aqui foi afirmado esta
tarde, os dados do Banco de Portugal, no seu relatório, confirmam exatamente o falhanço em toda a linha de
todas as previsões do Governo.
O Sr. Deputado disse que tem exatamente as nossas preocupações. Não quero comentar, Sr. Deputado,…
O Sr. Nuno Sá (PS): — Algumas!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Retificou agora: tem exatamente algumas das nossas preocupações.
Agradeço-lhe que o Partido Socialista tenha algumas das nossas preocupações. Mas, Sr. Deputado,
lamento, pois penso que era preciso que tivesse ainda mais preocupações.
Contudo, o que aqui quis trazer é o descaramento de um Governo que tanto pugna e exalta todos os
acordos da concertação social e, depois, é ele mesmo que impõe que não se cumpra a contratação coletiva.
Por isso, entendemos que o respeito pela contratação coletiva é um bem maior, e é exatamente por esse
bem que os trabalhadores estão em luta, nomeadamente nos setores ferroviário e rodoviário, nas empresas
que têm lucro. Nada justifica que empresas como a EDP, a REN ou a Galp queiram reduzir o pagamento do
trabalho em dia de descanso obrigatório!
O trabalho prestado em dias de descanso obrigatório deve ser devidamente compensado. Por isso, o
Governo, aqui, tem todas a culpas, porque «à boleia» desta legislação o patronato e as administrações
querem ainda baixar, cada vez mais, o custo do trabalho.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Arménio Santos.
O Sr. Arménio Santos (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, na tribuna enunciou um
conjunto de preocupações da sua bancada e queria dizer-lhe que essas preocupações não são exclusivas da
sua bancada ou das bancadas das oposições.