I SÉRIE — NÚMERO 41
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requerimento fundamentado, que seja interpretado com serenidade pelos grupos parlamentares e pela Mesa,
na eventualidade de ser mantido, mas nunca nas circunstâncias em que o Sr. Deputado levanta o problema.
Portanto, a Mesa denega-lhe a possibilidade de recorrer neste momento. É esta a resposta que tenho
desde o primeiro momento em que o Sr. Deputado interveio.
Tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr.ª Presidente, vamos acatar a decisão da Mesa e quanto a isso não
há nenhum problema, mas quero dizer aqui que rejeito as palavras do Sr. Deputado Luís Montenegro e que o
posicionamento do PCP neste processo foi de total lisura.
Sr.ª Presidente, no dia em que foi noticiada a inclusão do Sr. Deputado Miguel Frasquilho na comissão em
causa tomámos a iniciativa de contactar o Sr. Deputado alertando-o para este problema, o que ele pode
comprovar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É verdade!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não tomámos qualquer iniciativa na respetiva comissão porque o
próprio Sr. Deputado a tomou. Portanto, não estamos aqui para arranjar um problema — ele existe.
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Os senhores não respeitam a decisão!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Por que é que levantámos o problema neste momento? Porque o Sr.
Deputado ia intervir e nós não podíamos ter anunciado apresentar, como vamos fazer, um recurso sobre esta
decisão e ignorar que o Sr. Deputado ia intervir neste momento. Foi esta a razão.
Apresentaremos o recurso, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Assim será, Sr. Deputado. De qualquer modo, o Sr. Deputado Miguel Frasquilho
pode intervir.
Tem a palavra, Sr. Deputado, para uma declaração política.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: A divulgação, na semana passada, de
um relatório do FMI com o intuito de repensar e reformar o Estado português, que contém sugestões de cortes
em diversas áreas da despesa pública, não devia ter provocado nem espanto nem surpresa para quem
acompanha de perto estes assuntos — como deve acontecer a quem desempenha funções políticas, estando
ou não ligado à economia e às finanças públicas.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Porquê? Porque a necessidade de adequarmos a dimensão do Estado
português à realidade económica e financeira do País não é de agora, nem de há dois ou três anos; ela vem,
pelo menos, desde o início deste milénio. Os números não mentem e por isso vale a pena repararmos na
evolução que tiveram as principais rubricas das receitas e das despesas públicas desde 1995.
Comecemos pelas despesas. É possível verificar que as despesas sociais representam, hoje, quase 50%
da despesa pública total, quando representavam cerca de 30% em 1995 e 31% em 2000 [Figura 1]. Se a estas
juntarmos as despesas de funcionamento (isto é, a massa salarial e os consumos intermédios), então, só
estas três rubricas representam hoje mais de 80% da despesa pública — contra cerca de 70% em 1995 e 75%
em 2000 [Figura 2].
Vejamos agora as receitas.
Desde 2000 que os impostos indiretos não chegam para cobrir a despesa social do Estado e a
discrepância tem, em geral, sido crescente [Figura 3Erro! A origem da referência não foi encontrada.].