17 DE JANEIRO DE 2013
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consolidação orçamental que vai ser certamente inferior a 2000 milhões de euros, e em que se prepara para,
em 2013, impor uma austeridade de 5300 milhões de euros em cima desses 9000 milhões de euros, mais os
800 milhões de euros do Orçamento «parte b».
Sr. Deputado Miguel Frasquilho, com os conhecimentos que tem de economia e com os escritos que tem
feito (nomeadamente, o que apresentou ontem no Jornal de Negócios, onde diz que pode aumentar a
credibilidade do nosso País flexibilizar as metas do nosso programa de ajustamento), considera oportuno,
depois dos cortes de 9000 milhões de euros e de 5300 milhões de euros, apresentar 4000 milhões de euros
de corte na despesa, com uma economia em profunda depressão, com a Europa em recessão económica e
com uma crise de emprego sem precedentes?
Sr. Deputado Miguel Frasquilho, com a honestidade e a seriedade que lhe reconheço, diga aqui se é ou
não prudente, em cima de toda esta loucura, cortar adicionalmente 4000 milhões de euros na despesa.
Aplausos do PS.
Peço-lhe que responda de forma séria, sobretudo porque ontem defendeu a flexibilização do programa de
ajustamento.
Portanto, para começar, questiono-o sobre a oportunidade desta suposta evidência, que o relatório do FMI
apresenta, que são 4000 milhões de euros de corte, que provoca mais recessão, segundo estudos do próprio
FMI, do que aumentos da receita.
A minha segunda pergunta, Sr. Deputado Miguel Frasquilho, é a de saber se acha sério discutir a
sustentabilidade do Estado social numa altura em que, mesmo em 2013, depois do brutal aumento de
impostos, teremos uma receita de impostos inferior à que tínhamos em 2008. Acha sério, Sr. Deputado Miguel
Frasquilho?
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, queira concluir, por favor.
O Sr. João Galamba (PS): — Sr. Deputado Miguel Frasquilho, um Governo responsável em Portugal devia
perceber que cortes na despesa não são sustentáveis neste momento e não vão melhorar nenhum problema,
como bem sabe.
Portanto, o que um Governo que quer defender os interesses do País devia estar a fazer neste momento
era juntar-se a todos os portugueses, às universidades portuguesas e a quem estuda há anos os problemas
de sustentabilidade do Estado social e com esses portugueses, com essas universidades, apresentar um
estudo sério, coisa que este não é, para não usar o FMI para negociar com os portugueses mas, isso sim, usar
os portugueses para negociar com o FMI, para negociar com a troica. Isso é que é necessário e o Sr.
Deputado sabe muito bem que é a única saída para o nosso País.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, tem de concluir.
O Sr. João Galamba (PS): — Vou já concluir.
Há pouco, houve intervenções de quatro minutos e meio e eu só pedia mais 1 minuto, Sr. Presidente. Vou
acabar.
Protestos do PSD.
Sr. Deputado Miguel Frasquilho, acha sério um relatório que não estuda o impacto social e económico
deste corte? Acha sério um estudo que usa dados truncados, incompletos, com má-fé, em áreas como, por
exemplo, a educação e a saúde? Acha sério um relatório que diz que o Estado social português agrava as
desigualdades, quando todos os indicadores dizem exatamente o contrário? As transferências monetárias
reduzem as desigualdades, em média, com a OCDE e as transferências em espécie, isto é, na saúde e na
educação, reduzem as desigualdades, de forma muito maior e muito mais significativa, com a OCDE.