I SÉRIE — NÚMERO 50
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Já cá faltava!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Srs. Deputados, pobres empresas que dependem da falta de
tesouraria!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Pois é! Essas PME já não interessam!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — É evidente que estas derrapagens não vêm do programa da troica,
não vêm de há um ano e meio, vêm de muito tempo. E é por essa razão que agora as câmaras têm
dificuldades em se adaptar a uma realidade da qual nunca deveriam ter abdicado, que é a de perceber que há
constrangimentos, há sempre constrangimentos, que é difícil gerir uma tesouraria, é sempre difícil, mas que há
princípios básicos, de bom senso, de boa-fé e de execução orçamental que as câmaras, a Administração
Pública nunca deve esquecer.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — É por isso, Srs. Deputados, que esta lei prevê exceções, exceções
essas que não podem ser a regra,…
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Parece que são!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — … têm de ser devidamente atendidas pela tutela. Mas, se aquilo que
nos divide é a separação entre aqueles que defendem o rigor orçamental, a credibilização das contas públicas
e aqueles que cumprem o mínimo dos mínimos exigível, sabemos bem do lado em que estamos — …
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Do lado daqueles que não cumprem: as câmaras do CDS e do PSD!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — … estamos do lado daqueles que não esquecem que há pessoas que
dependem diretamente disto — e sabemos também que há uma grande diferença entre subfinanciamento das
estruturas públicas e sobreendividamento. Aqui é reclamado que esse endividamento e esse atraso do
pagamento se devem a um subfinanciamento das estruturas.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Ora, isso deve preocupar-nos, desde logo porque as estruturas
devem cumprir os respetivos orçamentos, tenham eles a dimensão que tiverem. Independentemente disso,
não podemos esquecer que mais financiamento para muitas destas estruturas significa mais endividamento.
Só que, em vez de ser endividamento local ou em vez de ser à custa das empresas locais, é à custa do
Estado central, o qual já descobriu há um ano e meio que não tem mais por onde se endividar.
Portanto, qualquer realidade que vença esta situação está no domínio da ficção e não pode ser atendida
por esta Câmara.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino
Soares.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr.ª Presidente: Queria começar por dizer que a lei dos compromissos
é uma espécie de versão antecipada da alteração à lei de enquadramento orçamental que foi aqui discutida há
pouco, porque assenta na ideia de que, antes das necessidades das pessoas, vem o garrote orçamental. E
não se conhece nenhuma lei dos compromissos que cabimente trimestralmente o pagamento de juros da
dívida pública à banca, aos senhores Ulrich e aos seus bancos,…