8 DE FEVEREIRO DE 2013
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Estiveram desfasados da realidade, não obstante terem ficado em sítios esplendorosos que Portugal tem
para oferecer, como alguns delegados reconheceram positiva e negativamente, e também era importante que
tivessem trazido para a discussão as questões concretas da Europa, que tivessem trazido não só o que a
Europa representa para Portugal mas o que Portugal, como exemplo, representa para a Europa. E era ainda
importante não termos tido contato com afirmações gratuitas, como as do ex-primeiro-ministro grego, que não
tem, sequer, legitimidade para falar por aquilo que fez enquanto esteve no governo, proclamando que os
sacrifícios dos portugueses podem ter sido em vão.
Não é essa a imagem de confiança, a imagem de credibilidade que queremos trazer quer aos portugueses
quer aos dirigentes internacionais.
Era, pois, importante termos tido uma palavra dos socialistas portugueses no sentido reconhecerem o
esforço que também os socialistas portugueses dizem que querem fazer para o futuro do País, e que isso
tivesse ficado veiculado nessas conclusões da Internacional Socialista.
Para nós, é importante que qualquer organização internacional reúna em Portugal; para nós, é importante
que todos nós participemos nela, mas, no final, é importante que eles próprios reconheçam que o esforço que
fazemos é coletivo e é para o conjunto desse mesmo coletivo, para Portugal, para a Europa e para o conjunto
da internacionalidade.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria de Belém Roseira.
A Sr.ª Maria de Belém Roseira (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Rodrigues, agradeço-lhe as
suas palavras de saudação e gostaria de referir que a reunião da Internacional Socialista que teve lugar em
Portugal tinha uma agenda que não era a agenda portuguesa, era a agenda da reunião da Internacional
Socialista.
Porventura, por força do barulho de fundo que a Sr.ª Presidente referiu, e que eu também senti da tribuna,
com alguma dificuldade em fazer-me ouvir, o Sr. Deputado António Rodrigues não ouviu bem. Porém, gostava
de lhe dizer que tudo aquilo que se passou não é traduzível em seis minutos, mas de tudo aquilo que se
passou, como é evidente, decorre uma discordância relativamente às metodologias de superação da crise que
existe entre os partidos membros da Internacional Socialista e os partidos do arco da direita, que estão filiados
noutras organizações e noutros movimentos internacionais.
Tive ocasião, logo no princípio, de referir que condenamos as políticas de austeridade pela austeridade.
Consideramos até que o desenho de políticas globais não pode dispensar a adaptação à realidade local de
cada país e também referimos, no contexto da política europeia, que é absolutamente indispensável que a
Europa recupere o seu projeto inicial de integração e de solidariedade e abandone aquilo que é uma marca
muito forte de desigualdade entre Estados, ao arrepio dos tratados, de inscrição de uma agenda que, muitas
vezes, é de esmagamento dos países mais fracos, em detrimento de uma agenda solidária, que analise a
situação específica de cada um dos países em dificuldades no sentido de promover a superação dessa
mesma crise.
Quero dizer-lhe que isso foi muito patente nos vários discursos e, como é evidente, naquilo que é o respeito
pela visão de cada um, não queríamos, nem poderíamos sequer, criticar de forma alguma o discurso do ex-
Primeiro-Ministro Papandreou, que, como o Sr. Deputado sabe, herdou uma situação complexíssima quando
foi primeiro-ministro grego e, ao ter saído de primeiro-ministro, tendo-se atrevido a propor um referendo — um
mecanismo que todos nós reconhecemos como democrático —, caiu nas más graças dos atuais dirigentes
europeus.
De facto, ele tem sido muito criticado precisamente por ter querido validar o percurso exigente que a Grécia
tem de percorrer (como Portugal tem de percorrer) com uma consulta popular, que, aliás — penso que o Sr.
Deputado concorda comigo —, é um momento valoroso de suporte popular a muitas das decisões políticas
que neste enquadramento têm de ser tomadas.
De qualquer modo, Sr. Deputado, gostaria muito de o ter visto valorizar a Declaração de Cascais, que é o
alargamento da possibilidade de influência dos países lusófonos e da língua portuguesa na construção de uma