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I SÉRIE — NÚMERO 56

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Convenhamos, Sr. Deputado, que é a falta de credibilidade do Governo a principal causa da crispação que

hoje vivemos em Portugal.

Protestos do PSD e do CDS-PP.

Sr. Deputado, imagino como se sentiu, tal como imagino como se sentiu essa sua bancada quando esta

manhã ouviu o Ministro Vítor Gaspar. Mas se os senhores se sentiram mal, se os senhores se sentiram

enganados, imagine como se sentiram os portugueses!?

A verdade é que, hoje, ficámos a saber que, sendo ainda fevereiro, o Orçamento do Estado já não é um

Orçamento válido, e isso não é bom para a democracia. Hoje, ficámos a saber que o Governo falhou não o

alinhamento com as previsões, mas todas as previsões que fez, e isso não é bom para a democracia. Ficámos

a saber, os portugueses ficaram a saber que fizeram sacrifícios e mais sacrifícios em vão, e isso não é bom

para a democracia. Ficámos a saber, e isso, sim, é muito bom para a democracia, que o PS tinha razão, que

há outro caminho e que há uma alternativa.

É por isso, Sr. Deputado, que lhe queria dizer, como já aqui foi dito pelo meu colega Pedro Marques, que

hoje nasceu um novo Governo e um novo Vítor Gaspar, mas não nasceu por terem acertado, nasceu porque

falharam! Nasceu um novo Governo e uma nova política, porque falharam e, por isso, é necessário tirarem

todas as consequências!

Sr. Deputado, o Partido Socialista marcou — vai ser agendado na próxima Conferência de Líderes — um

debate de urgência, porque há outro caminho e há uma alternativa para sair daqui.

O Sr. Manuel Isaac (CDS-PP): — E qual é?

A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — O que lhe queria perguntar é se, em nome da democracia, o Sr. Primeiro-

Ministro vai esconder-se de novo, não vai, mais uma vez, dar a cara pelo falhanço das vossas políticas ou, se,

pelo contrário, terá a dignidade de estar aqui, neste Parlamento, para se comprometer a inverter a política e

para se comprometer…

A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — … a que não haja mais nenhuma medida de austeridade e mais nenhuma

medida pró-cíclica neste Governo que possa continuar a afundar Portugal, como tem estado a acontecer.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, pensei que vinha falar

do reconhecimento do falhanço de hoje de manhã, afinar a agulha, como fez o CDS há pouco, e confirmar que

a credibilidade que o Governo diz que tem perante a troica é inversamente proporcional à credibilidade que

tem perante os portugueses.

Ao contrário do que o Sr. Deputado diz, não há uma minoria contra a política do Governo, há uma maioria

contra a política do Governo.

O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade que há legalidade democrática nesta maioria — isso não é

posto em causa. O que não há é legitimidade política para o que estão a fazer.

Aplausos do PCP.