I SÉRIE — NÚMERO 56
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Em matéria de defesa da democracia, não deve haver tibiezas. Cada um de nós tem a obrigação moral e
ética, no exercício das funções políticas nas quais estamos investidos, de dizer de que lado está. E eu queria
aqui lamentar que nem o Sr. Deputado Carlos Zorrinho nem o Sr. Deputado Bernardino Soares foram
suficientemente enfáticos a contestar e a condenar a ofensa aos princípios democráticos mais elementares
que compõem a decisão de alguns em silenciar um Ministro do Governo de Portugal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do Deputado do PS João Galamba.
Deixem-me dizer-vos que, neste caso, a confusão a que aludia o Sr. Deputado Bernardino Soares
aproveita ao infrator.
Protestos do PCP.
A confusão aproveita e estimula o infrator e eu não posso deixar de lamentar que tenham seguido por esse
caminho.
Sr. Deputado Carlos Zorrinho, com o devido respeito, deixe-me dizer que é preciso algum descaramento
para me deixar a questão que me deixou. O Sr. Deputado perguntou-me se o Primeiro-Ministro e, portanto, o
Governo e esta maioria iriam esconder-se de novo de um debate que o Partido Socialista projeta fazer no
Parlamento?
Risos do PSD.
Sr. Deputado Carlos Zorrinho, o senhor lidera a maior bancada da oposição neste Parlamento. Este
Parlamento decidiu constituir uma comissão eventual para abordar a matéria da reforma do Estado. O senhor
decidiu, com os seus colegas, não participar, não cumprir as regras da democracia, ter falta de comparência e
está agora perante um debate que ainda não está sequer agendado a querer insinuar que nós não estaremos
presentes, Sr. Deputado?!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Isso nem tem resposta!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sabemos que há outro caminho e até sabemos ao que conduz o
caminho que V. Ex.ª preconiza e preconizou no passado enquanto parlamentar e enquanto membro do
Governo. Mas esse caminho e o seu resultado é aquilo que queremos evitar. Nós estamos a compor a
desgraça que vocês trouxeram à vida dos portugueses e à vida das famílias e das empresas portuguesas.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Por isso, devo dizer-lhe com serenidade, repito, com serenidade, que,
tendo escolhido a defesa dos princípios democráticos para esta intervenção, nós queremos contar com o
contributo não só do Partido Socialista mas também do Partido Comunista. Porém, é necessário que esse
contributo preencha as regras da democracia, que os senhores tenham as vossas ideias e as vossa propostas
e as possam carrear para o debate, mas que também tenham o respeito pela legitimidade e pela autoridade
que as propostas de uma maioria que foi sufragada e que foi eleita pelo povo contemplam.
Protestos do Deputado do PCP Miguel Tiago.