I SÉRIE — NÚMERO 56
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Mas outras propostas foram apresentadas e sustentadas ao longo dos últimos meses. Estão recordados
certamente, Srs. Deputados, da proposta de criação de um programa europeu de combate ao desemprego
jovem, desenhado para ação prioritária em países com elevada taxa de desemprego entre os jovens, como é o
caso de Portugal, e cujo financiamento se propõe que seja feito através de um fundo com duas origens:
receitas das taxas sobre as transações financeiras a suportar pelos bancos e 40% dos fundos comunitários
não utilizados, do atual Quadro Comunitário de Apoio. Um total de receitas que rondará os 100 000 milhões de
euros.
Como se vê, ao contrário do que o PSD teima em afirmar, são propostas delineadas e concretas aquelas
que o PS sempre apresentou para contribuir para a solução dos problemas, no contexto europeu e em
Portugal.
António Seguro defendeu igualmente uma trajetória credível de consolidação do défice orçamental, com a
adoção de medidas estruturais, conciliando o rigor orçamental com o crescimento económico, a renegociação
do alargamento dos prazos de pagamento de parte da dívida pública, ou o reforço da ação do BCE junto dos
mercados financeiros, fruto da qual Portugal já beneficiou, entre outras aqui apresentadas e fundamentadas
exaustivamente.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A Europa confiou as chaves da sua economia e das finanças nas
mãos de forças incontroladas do neoliberalismo mundial. Os resultados são os que conhecemos: insuportáveis
sacrifícios a que a austeridade impiedosa levou famílias e empresas.
A resposta que vem sendo dada, sobretudo pela suprema penalização da economia da zona euro em favor
da exclusiva sustentação bancária, mostra-se desajustada. Mas a avaliação política dos resultados em
Portugal há de levar em consideração a circunstância de emergência social que ocorre por exclusiva
responsabilidade do Governo que, além de se mostrar insensível, errou todos os seus objetivos orçamentais e
políticos.
Aplausos do PS.
É por causa de o Governo ter errado tudo que é necessário recorrer à renegociação de prazos e juros.
O Sr. Ministro das Finanças acabou hoje de confessar mais um desastre, filho da política de austeridade: o
da revisão em dobro da recessão estimada, agora para 2%.
Quais são os sinais de que o Governo precisa para rever a sua política e refletir sobre as suas condições
de governabilidade, em lugar de deitar fora todos os sacrifícios feitos pelos portugueses?
Aplausos do PS.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Guilherme Silva.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Rodrigues.
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Braga, gostaria de cumprimentá-
lo pela sua intervenção, pelo facto de ter produzido uma intervenção. Estamos na Casa da democracia e, por
isso, respeitamos ouvir a sua voz, não obstante não concordarmos, não aceitarmos e entendermos que o que
o Sr. Deputado trouxe não foi nada de novo ou útil para o debate político.
Vozes do PSD: — Muito bem!
Protestos do PS.
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Deixe-me que lhe diga o seguinte: o Sr. Deputado anunciou, repetiu e
nada concretizou relativamente a uma pseudoalternativa do Partido Socialista.
Falou mais uma vez da célebre carta do Secretário-Geral do Partido Socialista, que nada acrescentou
relativamente a esta questão, e é célebre por isso, porque nada acrescenta, nada de novo traz ao debate e,
mais, porque não tem uma medida, não tem uma concretização, não tem uma proposta, não tem um projeto.