1 DE MARÇO DE 2013
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Aplausos do PS.
Alguém do PSD muito conhecido, no início da semana, classificou como uma «bomba» a confissão do
Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, sobre o falhanço de todas as suas projeções.
Assim, dois meses depois da entrada em vigor, aprovado pela maioria absoluta do PSD e do CDS, o
Orçamento do Estado para 2013 passou a ter um valor zero.
Em outubro, dissemos reiteradamente que os pressupostos do Orçamento do Estado para 2013 eram
irrealistas e que o mesmo não era credível nem exequível. Há uma semana, foi a vez da Comissão Europeia
— uma das partes da troica, não esqueçamos — rever em baixa todas as previsões. Todas, é como quem diz!
Todas não! Infelizmente, o défice, a dívida e o desemprego foram revistos em alta; os sacrifícios dos
portugueses também. Mais uma vez, tantos sacrifícios para coisa nenhuma.
Aplausos do PS.
Nessa mesma semana e dia, conheceram-se os dados da execução orçamental de janeiro. O Governo diz
que a execução correu bem e dá confiança para as metas do 1.º trimestre, mas os dados dizem exatamente o
contrário: a receita está a crescer 1% (o Orçamento previa 7,7%) e a despesa corrente cresce 14,3% (o
Orçamento previa 7,1%).
Em janeiro de 2012, o saldo era de 308 milhões de euros e agora há um défice de 31 milhões de euros.
Onde está, então, a consolidação?
A receita fiscal sobe 2,4%, muito por obra do aumento do IRS — aumento, aliás, escandaloso —, do corte
nos rendimentos do trabalho e no rendimento das pessoas. Assim, neste contexto irracional, o IVA cai 4%.
Na segurança social, as contribuições caem 2,6% e a despesa está a subir 7,8%, com o saldo a perder 80
milhões de euros num único mês.
A estratégia orçamental colapsou e o Governo deixa de ter estratégia orçamental. É a espiral recessiva e o
ciclo vicioso da austeridade, recessão e austeridade em todo o seu esplendor: mais défice, mais recessão,
mais dívida, mais desemprego.
Aplausos do PS.
Por muito que se procure, não há qualquer coincidência entre as previsões da Comissão Europeia e o
Documento de Estratégia Orçamental do Governo, o qual, aliás, convém relembrar, foi feito na
clandestinidade, nas costas da Assembleia da República.
E se quanto a Vítor Gaspar estamos conversados, na equipa da Economia a tragédia assume também
proporções inimagináveis. Talvez o Ministério precise de aplicar a si próprio o tal programa Revitalizar, se o
mesmo se dirigir a apoiar alguma ideia, uma que seja, que distinga a sua incompetência do profissionalismo
de uma equipa da ERA ou da REMAX. É que vender apartamentos, conhecer e trabalhar o mercado é matéria
para bons profissionais e não para membros do Governo, até por motivos curriculares sobejamente
conhecidos.
Diz o Primeiro-Ministro, com a ligeireza a que já nos habituou neste ambiente caótico, que o caminho
seguido é o correto, mas que afinal é preciso mais tempo. O líder do PS sempre defendeu que é necessário
mais tempo para consolidar as contas públicas e o Primeiro-Ministro sempre disse que mais tempo obrigava a
pedir mais dinheiro.
Apanhado no seu falhanço, tenta agora fazer uma confusão entre mais tempo para o programa da troica e
mais tempo para a consolidação das contas públicas. Pouca sorte do Primeiro-Ministro, porque o PS nunca
pediu mais tempo para o programa da troica mas, sim, para a consolidação das contas públicas.
Aplausos do PS.