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15 DE MARÇO DE 2013

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Em novembro do ano passado, quando foi conhecida a primeira proposta do Presidente do Conselho

Europeu, que apontava para uma redução das verbas do desenvolvimento rural, a Sr.ª Ministra dizia que esta

proposta representava «um retrocesso inadmissível» — foram estas as palavras da Sr.ª Ministra.

Ora, após o acordo final, Portugal acabou por perder 500 milhões de euros, só ao nível do desenvolvimento

rural, e o Governo apresentou-se logo a dizer que Portugal saía claramente beneficiado no quadro orçamental

da União Europeia. Ou seja, aquilo que seria «um retrocesso inadmissível» foi, assim, transformado num

benefício, como que num passe de magia.

Agora, a questão que se coloca é a de saber que futuro terá o próximo Programa de Desenvolvimento

Rural nos sete anos que aí vêm. É que, aos 500 milhões de euros de redução das verbas comunitárias, já

acordadas com o Governo, é ainda necessário juntar mais 500 milhões euros de redução das verbas

provenientes do orçamento nacional, que resulta da diminuição do cofinanciamento. Mas também é necessário

ter presente que uma parte daquele orçamento que fica deverá ser gasta pelos seguros agrícolas e no

rendimento que os senhores querem incluir neste pilar.

Mas, pelos vistos, ainda não ficamos por aqui porque, como referiu o Dr. Paulo Portas, enquanto líder do

CDS-PP, há a intenção de passar ainda mais 350 milhões de euros do desenvolvimento rural para as ajudas

diretas.

Sr. Ministra, está de acordo que, depois desta redução toda, ainda se proceda às transferências de verbas

do segundo para o primeiro pilar?

Como é que o novo programa, reduzido em pelo menos 25% no que respeita ao investimento total, pode

responder aos desafios, já habituais, que estão previstos no desenvolvimento rural?

Sr.ª Ministra, não estaremos a falar num congelamento do Programa de Desenvolvimento Rural de pelo

menos sete anos?

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Muito bem!

A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Ministra, tem a palavra para responder.

A Sr.ª Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território: — Sr.ª

Presidente, Sr. Deputado José Luís Ferreira, creio que, nestas matérias, vale a pena usarmos de grande

realismo.

Volto a dizer que, como é evidente, estamos a falar do primeiro Orçamento comunitário que diminui

globalmente — o primeiro, na história da União Europeia. Ora, neste corte global que todos os países

sofreram, que, em média, no que se refere à agricultura, foi de 14%, no caso de Portugal foi de 7,6%.

Perguntar-me-á: o Governo fica satisfeito? Posso dizer-lhe que se falar com qualquer um dos nossos

colegas europeus dir-lhe-ão que esse foi um grande resultado. E, como é evidente, foi um grande resultado,

porque não tivemos um corte comparável com a média do corte da União Europeia, tivemos um corte bastante

abaixo — em termos nominais, um crescimento.

Quando pergunta, especificamente, sobre o desenvolvimento rural, posso responder-lhe que estou

bastante otimista quanto à entrada em funcionamento atempada do novo Programa de Desenvolvimento

Rural. E estou otimista porque andamos a trabalhar nele há largos meses; porque andamos a conversar com o

setor há largos meses; porque conseguimos o envelope específico, sem necessidade de cofinanciamento, de

500 milhões de euros, que nos permitirá uma entrada bastante ativa e folgada no desenvolvimento rural; e

porque ainda temos a expetativa (e, porventura, seria a esse ponto que o Sr. Deputado se estava a referir

quando mencionou os 350 milhões de euros), no âmbito dos trílogos, no âmbito do trabalho concertado entre

Conselho Europeu, Parlamento Europeu e Comissão Europeia, de que possamos financiar algumas medidas

tipicamente financiadas no desenvolvimento rural através dos fundos estruturais. E são esses dinheiros, esses

350 milhões de euros, que entendemos que ainda podem vir, justificadamente, para medidas como seja, por

exemplo, a irrigação e outras.

Aplausos do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.