I SÉRIE — NÚMERO 66
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que nos permite — e esta também é a razão de ser feito neste momento — alocar, de forma muito eficaz, os
próximos fundos comunitários, não só os fundos direcionados para o mar, mas também, numa lógica de
projetos multifundos, aqueles que possam vir dos fundos estruturais e também do Fundo Social Europeu, para
realizar todo este trabalho que planeamos para o mar nos próximos anos.
Na verdade, o crescimento azul e a economia azul são, para nós, uma âncora muito relevante do
desenvolvimento do nosso País, pressupunha esta revisão e atualização da estratégia e, também, um
instrumento legislativo que, a meu ver, vai ser fundamental para podermos dar um impulso muito significativo
nesta área.
Estou a falar da Lei de Bases do Ordenamento e de Gestão do Espaço Marítimo, cuja proposta foi ontem
aprovada no Conselho de Ministros e que será apresentada no Parlamento. Espero que possa ser aqui bem
debatida e colher bons contributos por parte desta Casa. Naturalmente, pressupõe diplomas de
desenvolvimento que já estão a ser preparados, mas a ideia é termos, do ponto de vista legislativo, um regime
com estabilidade, com segurança, com previsibilidade que nos permita, depois, ter mecanismos de
licenciamento e condições de atração do investimento estrangeiro muito mais ágeis e céleres do que os que
temos neste momento.
A plataforma informática sobre a qual esta lei vai trabalhar já está operacional, o que também nos dá ânimo
para que, uma vez aprovada a lei e os diplomas complementares, possamos ter um instrumento muito
relevante e significativo de dinamização da economia do mar.
Sr. ª Deputada, queria terminar dizendo que os frutos na área do mar vão sendo visíveis. A Sr.ª Deputado
referiu, e bem, o caso do porto de Sines e eu posso referir, também, o caso da balança comercial na área dos
produtos da pesca que, no ano passado, melhorou 2,5%. É sabido que somos deficitários nesta área
específica do setor alimentar, mas a redução do défice foi conseguida com o aumento de exportações, com a
diminuição de importações e posso dizer, por exemplo, que o setor conserveiro contribuiu muito ativamente
para este resultado, tendo aumentado, no ano passado, em 33% o seu volume de exportações e, mais
interessante ainda, em 40% o valor a elas associadas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Srs. Deputados, vamos iniciar a quarta ronda de perguntas.
Para formular uma pergunta, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Fão.
O Sr. Jorge Fão (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, no início do seu mandato, decidiu extinguir o
Instituto Portuários e dos Transportes Marítimos e a Direção-Geral das Pescas e Aquicultura e, em
contrapartida, criar, com competências destes órgãos, a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e
Serviços Marítimos.
A lei orgânica deste departamento foi publicada em fevereiro de 2012 e, passado mais de um ano, os
serviços desta nova direção-geral ainda não estão completamente instalados, e, além disso, também se nota
uma confusão na área das competências e uma indefinição clara nas responsabilidades desta nova direção-
geral.
O «defunto» IPTM (Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos)ainda continua a funcionar, mas sem
orçamento e sem qualquer possibilidade de intervir, com competências, nomeadamente, no que diz respeito à
vistoria de embarcações, à administração e gestão de portos e à emissão de certificados de navegabilidade
para embarcações.
O que acontece, em todos os portos do País, é que o IPTM está, claramente, sem capacidade e sem
competência de decisão — ainda hoje, não sei se a Sr.ª Ministra sabe, no porto de Tavira, a EDP cortou o
fornecimento de energia elétrica, exatamente fruto da incapacidade do IPTM de reagir.
Além disso, muitos barcos de pesca estão parados, os armadores, muitos deles, estão desesperados, os
trabalhadores estão em terra sem possibilidade de exercer a sua atividade, porque esperam tempos
intermináveis pelas vistorias às suas embarcações. Posso citar-lhe, por exemplo, algumas destas
embarcações: o Atleta, da Figueira da Foz, o Infante D. Henrique, de Peniche, o Marlene e o Nadia, de
Quarteira — e poderia, interminavelmente, fazer mais citações. Que respostas tem para este problema, Sr.ª
Ministra?