I SÉRIE — NÚMERO 66
32
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para formular uma pergunta, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno
Coimbra.
O Sr. Bruno Coimbra (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, num cenário difícil como o que
atravessamos, só um Governo ambicioso que não abdica de fazer avançar os diversos setores da economia
seria capaz de agir de forma determinada no importante setor das águas e dos resíduos.
O Plano Nacional de Gestão de Resíduos 2011-2020 define metas ambiciosas para a promoção da
utilização dos recursos naturais na economia e para a prevenção e redução dos impactos adversos
decorrentes da produção e gestão de resíduos.
Temos um Governo que entende que, no difícil contexto económico que atravessamos, é imperativo
priorizar o combate ao desperdício; um Governo com consciência ambiental e com consciência social que
pretende implementar um sistema Pay-As-You-Throw (PAYT)nos resíduos sólidos urbanos, que se traduzirá
numa oportunidade que os cidadãos, através de boas práticas ambientais, consigam reduzir a fatura dos
resíduos e aumentar a reciclagem; um Governo que persegue as metas de combate ao desperdício, de pôr
Portugal a poupar na fatura dos resíduos e de trazer justiça às contas das famílias portuguesas.
No atual contexto de mudança, de ambição e de luta pela sustentabilidade no setor das águas e resíduos,
o Governo avança com a alteração da natureza jurídica da ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de
Águas e Resíduos), numa intenção clara de proceder ao reforço da independência desta, acentuando a
autonomia do regulador face ao poder executivo e concedendo-lhe estatuto, competências e meios, alargando,
assim, o seu âmbito de regulação.
Sr.ª Ministra, gostaria que nos transmitisse como é que, na ótica do Governo, será relevante para o setor
das águas e resíduos ter uma ERSAR mais independente, em condições de garantir a salvaguarda da
igualdade, da transparência e da equidade das atividades do setor.
Qual é, na sua opinião, a relevância da existência de um regulador forte que abranja a todos os sistemas
do setor com poderes alargados e mais adequados às funções que dele se pretendem?
Sr.ª Ministra, um outro assunto que queria abordar advém do conhecimento de que a manutenção da
natureza exclusivamente pública da EGF apresenta um claro conjunto de limitações relevantes, que se
prendem, nomeadamente, com a restrição da capacidade de investimento disponível, com a perpetuação de
ineficiências existentes no atual sistema de gestão de resíduos e com a limitação da capacidade de procura e
de implementação de soluções tecnológicas inovadoras e eficientes.
Pretendia que nos explicasse, Sr.ª Ministra, como é que a privatização da EGF poderá atenuar estas
limitações num processo no qual se está apenas a concretizar a possibilidade de as concessões serem
geridas por entidades privadas no quadro da autonomização do subsetor no Grupo Águas de Portugal, tal
como previsto no Programa do Governo, suprimindo os limites de acesso da iniciativa privada à gestão de
sistemas multimunicipais de resíduos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra da Agricultura, do
Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território.
A Sr.ª Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território: — Sr.
Presidente, Sr. Deputado Bruno Coimbra, muito obrigado pelas questões que colocou.
Como o Sr. Deputado sabe, o PERSU (Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos) está em
revisão. Aliás, a revisão prévia do PERSU é uma condição necessária para podermos ter uma boa preparação
da venda da EGF, porque é este instrumento que nos permite vincular os particulares a um conjunto relevante
de venda de valorização de obrigações relativas aos resíduos que, naturalmente, implicam investimentos de
elevada monta.
Em relação a esta matéria, a orientação do Governo é a que decorre, desde logo, da legislação comunitária
relevante em matéria de resíduos, que assenta numa lógica de prevenção, de reciclagem e de valorização dos
próprios resíduos, também nesta narrativa da eficiência de recursos e do aproveitamento máximo de todos os