I SÉRIE — NÚMERO 68
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O Sr. Luís Menezes (PSD): — Os portugueses estão desesperados, há muitos portugueses desesperados. A situação é complicadíssima, mas deste lado da Assembleia estão aqueles que querem fazer parte da
solução.
Protestos do PS.
O senhor terminou a sua declaração política a dizer que o que é preciso é mudar,…
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — E é!
O Sr. Luís Menezes (PSD): — … que o que é preciso é uma política de crescimento e de sustentabilidade. Sr. Deputado Pedro Jesus Marques, acho que o Partido Socialista devia ter um pingo de vergonha e não subir
à tribuna a dizer isso, sem apresentar uma solução concreta para o País.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Jesus Marques, deixe-me cumprimentá-lo pela declaração que fez, mas, neste cumprimento, exijo-lhe também responsabilidade pela
declaração que fez, porque é esse o espaço da política.
Percebemos, nos últimos dias — e mesmo agora, pegando nas palavras da maioria —, que o Governo está
em guerra, e ponto final. Está em guerra com o País, mas está em guerra consigo próprio! Foi isso a que
assistimos nos últimos dias.
O problema principal não é a guerra que o Governo tem consigo próprio, de uma maioria que parece estar
mais dividida do que unida em qualquer projeto político, de ministros que, afinal, se desdizem uns aos outros e
de alguns que até se calam, para não virem criticar o Ministro das Finanças — esse é o espaço de ação e
interação do próprio Governo. Mas, aquilo a que assistimos ontem, da parte do Ministro Vítor Gaspar, e na
sexta-feira passada, em conferência de imprensa ao País, foi uma tentativa de «tapar o sol com a peneira».
O PSD e o CDS não negarão este cenário dantesco do nosso País: o desemprego em valores brutais, a
recessão económica a agudizar-se a cada dia que passa, a destruição visível da economia e a dívida pública
que não para de aumentar. Mas o PSD e o CDS não conseguem vislumbrar saída para esta crise em que
estão a mergulhar Portugal, não há uma única proposta do Ministro Vítor Gaspar para fazer frente a este
cenário dantesco, o que há é uma fuga para a frente nos cortes de 4000 milhões de euros.
O Sr. Deputado Pedro Jesus Marques disse que o Governo está em guerra com o País, está em guerra
com as pessoas, está em guerra com a economia. Faço-lhe, por isso, uma pergunta muito direta, e é a única
que lhe deixarei: se o Partido Socialista considera, como o Sr. Deputado disse, que o Governo está em guerra
com o País, por que não defende o País e apresenta uma moção de censura? Esta é a única atitude
responsável que pode ter, perante a descrição que fez da tribuna e até perante as palavras públicas do líder
do Partido Socialista.
Esta é a resposta de quem delimita aqui uma linha: do lado de cá, aqueles que defendem a economia, as
pessoas e o crescimento do País; do lado de lá, aqueles que defendem a troica e o Governo. E o que faz a
diferença é que há uns que censuram esta política e há outros que, por omissão, vão pactuando com ela.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Jesus Marques.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados Luís Menezes e Pedro Filipe Soares, antes de mais, agradeço as questões que colocaram.