4 DE ABRIL DE 2013
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O Sr. Primeiro-Ministro: — … a consequência seria a negociação de um segundo empréstimo. É essa a
consequência, Sr. Deputado! Ao menos seja suficientemente maduro para saber tirar as consequências
daquilo que defende! Não tenha medo, diga aquilo em que acredita!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Diga «eu quero um segundo resgate para Portugal», porque essa é a consequência da sua decisão, não é
outra, Sr. Deputado!
Ora, Sr. Deputado, é justamente isso que o Governo tem a obrigação de evitar. Nenhum governo na
Europa, em particular nenhum governo que esteja sob assistência financeira, deve apresentar o seu próprio
falhanço dizendo que não cumpre as metas que estão acordadas.
Como já disse diversas vezes — não o vou reiterar com mais exemplos no debate de hoje, porque esse
debate tem vindo a ser feito a cada 15 dias, neste Parlamento —, conseguimos aquilo que mais nenhum
Governo conseguiu em matéria de despesa estrutural.
Não controlo as receitas que o Estado pode obter por via dos impostos,…
O Sr. António José Seguro (PS): — Ai não?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … não as posso garantir, mas posso garantir a despesa que é realizada pelo
Estado, porque essa, Sr. Deputado, depende da nossa decisão direta.
Ora, Sr. Deputado, todos os resultados que obtivemos mostram que, ao contrário do que sucedeu com o
Governo anterior, a despesa baixa em Portugal e, por essa razão, baixa o défice também.
O Sr. António José Seguro (PS): — E baixa o crescimento!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Diz o Sr. Deputado que o défice devia ter baixado mais, que é como quem diz:
o Governo devia ter cortado mais despesa. Mas, depois, diz: «O Governo tem de parar com a austeridade!»
Protestos do PS.
Sr. Deputado, vamos lá ver se a gente se entende! Qual é a solução para o problema?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Como o Sr. Deputado ainda dispõe de tempo, peço-lhe encarecidamente que na intervenção que vai fazer
esclareça a Câmara e o País — já agora, esclareça também a troica, na medida em que se correspondeu com
ela — quais são exatamente as condições que defende.
O Sr. Deputado diz: «Precisamos de prazos diferentes». Quais são os seus prazos, Sr. Deputado? O que é
que o Sr. Deputado defende, em concreto, para efeitos de renegociação do nosso calendário para pagamento
dos empréstimos da troica? Qual é a sua proposta, Sr. Deputado? Diga, em concreto!
O Sr. Deputado tenciona, evidentemente, cumprir aquilo que aprovou em matéria de lei de enquadramento
orçamental e de tratado de estabilidade europeu, o que implica ter um objetivo de médio prazo de um
resultado equivalente a défice primário, a défice estrutural de 0,5%. É esse o valor que está inscrito.
O que é que o Sr. Deputado defende em matéria de despesa pública e de consolidação orçamental para
que esse objetivo que o senhor votou seja atingido em termos de objetivo de médio prazo? Diga, Sr.
Deputado!
O Sr. Deputado fará o favor de esclarecer o País que não está simplesmente no bota-abaixo e a aproveitar
o descontentamento, porque é isso, Sr. Deputado, que, mais do que parece, transpira de todas as
intervenções que faz.
O Sr. Deputado, se é uma alternativa, se tem, de facto, um Orçamento alternativo e uma negociação
alternativa, tem, de uma vez por todas, de dizer qual é.