4 DE ABRIL DE 2013
33
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — E responda também a Os Verdes!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E respondo também, evidentemente, ao Partido Ecologista «Os Verdes». Não
creio que tenha sido o líder parlamentar a intervir, mas responderei com igual gosto.
Em primeiro lugar, quero dizer ao Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, como reiteradamente venho afirmando
nos nossos debates parlamentares, que respeito a posição do Partido Comunista. O Partido Comunista tem
mantido uma posição de coerência no Parlamento, e, de resto, também fora dele.
O Partido Comunista não está associado diretamente à situação que o País hoje vive e defende um modelo
inteiramente diferente para Portugal, que não é o meu e que não é, nem tem sido, o da maioria dos
portugueses.
O Sr. Deputado está convencido de que a situação portuguesa se resolve renegociando a dívida,
reestruturando, portanto, as nossas responsabilidades externas.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Pelos vistos, o PS também!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado está convencido de que a nossa participação segundo as
regras europeias nos é prejudicial e, portanto, no limite, embora também não tirando a consequência inteira
daquilo que defende, não se importaria que Portugal estivesse numa Europa diferente, numa Europa em que
as regras não fossem de disciplina orçamental e de responsabilidade orçamental.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — De saque!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado é coerente com isso, mas não é assim que a maioria do País
pensa, não é isso o que o País deseja. E, Sr. Deputado, como eu compreendo o País!
Se, em Portugal, adotássemos hoje essa posição, que é a posição que um Governo só adota quando não
tem mais nenhuma outra para poder oferecer,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E não tem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … que é a de fim de linha,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É onde estamos: no fim da linha!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … que é a de dizer «nada mais resultou e, portanto, não podemos satisfazer
as nossas obrigações, vamos fazer o nosso default e agora, mais ou menos organizadamente, vamos chamar
os credores para lhes dizer que não pagamos»… Era o «não pagamos», Sr. Deputado!
Sr. Deputado, quando se chega aí, a dor e o sofrimento dos países, aquilo que os portugueses, sobretudo
os mais vulneráveis, sofreriam não teria limite também. Portanto, Sr. Deputado, não posso acompanhá-lo
nesse pedido que faz.
Diz a Sr.ª Deputada Catarina Martins que sofremos três moções de censura. Creio que quanto à terceira já
respondi.
Quanto à questão do Tribunal Constitucional, não tenho informação privilegiada, portanto não sei o que é
que o Tribunal vai decidir. Como presumo que a Sr.ª Deputada também não saiba, creio que podemos passar
à frente.
Risos de Deputados do PSD.
Diz também a Sr.ª Deputada que sabotamos o País na concertação social. E diz que sabotamos porque
não estamos disponíveis, nesta altura, para viabilizar um aumento do salário mínimo nacional. Essa matéria
também já foi discutida várias vezes no Parlamento, Sr.ª Deputada, pelo que nada mais tenho a acrescentar
àquilo que já disse.