I SÉRIE — NÚMERO 73
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Não obstante, o PS insiste na miragem da expansão orçamental. Insiste em mais défice e em mais dívida,
e, como fez nos últimos 15 anos, apregoa crescimento.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — E faz muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Esta orientação prolonga a negação das exigências da área
do euro. Consiste no regresso a um passado de mediocridade e estagnação que tornou a crise inevitável.
Esta tentação do PS torna atual a lição de Tito Lívio na sua História de Roma.
Dizia o historiador: «O que torna o estudo da História recompensador é a disponibilidade de lições como
num monumento conspícuo; destas lições da História pode escolher-se o que deve ser imitado e o que deve
ser evitado: evitado porque mal concebido e porque conduziu a maus resultados».
A expansão orçamental foi a opção falhada de 2009 e 2010. Esta opção tornou o resgate português
inevitável. Foi mal concebida e conduziu a maus resultados. A persistência no mesmo erro conduziria agora a
um segundo resgate.
A estabilidade orçamental é a única opção para Portugal. Para Portugal, é imperativo alcançar o equilíbrio
orçamental e reduzir os níveis excessivos de dívida pública. Sem equilíbrio orçamental, não é possível garantir
financiamento para a economia, não é possível recuperar a estabilidade. Sem equilíbrio orçamental, seria
necessária uma disponibilidade sem limites dos nossos credores externos para assegurar a viabilidade das
finanças públicas. Sem reduzir a dívida pública, penalizaremos, de forma duradoura, o crescimento e o
emprego.
O caminho é árduo e longo. É necessário persistir no ajustamento. Só assim, poderemos reconquistar a
nossa independência financeira e o controlo do nosso destino coletivo.
Precisamos de encarar a verdade de frente: se não conseguirmos atingir o equilíbrio orçamental — mesmo
que à custa de enorme esforço e sacrifício —, os milhares de milhões de euros que possamos obter não são
mais do que um paliativo momentâneo.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E vai atingir isso?!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Insistir em receitas do passado ou em soluções espúrias
para conquistar o eleitorado de hoje é obliterar o futuro.
O caminho certo é árduo e estreito, mas garante a prosperidade dos mais jovens e dos vindouros. Os
portugueses merecem e exigem verdade e responsabilidade.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Muito obrigada, Sr. Ministro de Estado e das Finanças.
É com prazer que anuncio aos Srs. Deputados e aos Membros do Governo que temos na tribuna
diplomática o Sr. Presidente do Parlamento Nacional de Timor-Leste e alguns membros das suas bancadas
parlamentares.
Aplausos gerais, de pé.
Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos ao Sr. Ministro de Estado e das Finanças, os Srs. Deputados
João Pinho de Almeida, do CDS-PP, João Galamba, do PS, António Filipe, do PCP, e Pedro Filipe Soares, do
BE, aos quais o Sr. Ministro responderá em conjunto.
Tem a palavra, Sr. Deputado João Pinho de Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro das Finanças, o pior que podia
acontecer a Portugal era, por exclusão de partes, achar que o que o Partido Socialista aqui nos trouxe hoje é
uma alternativa. Não o é, de facto. E é bom que esclareçamos porquê.
Há questões essenciais que permitem esclarecer por que é que aquilo que o Partido Socialista nos traz não
é uma alternativa.