4 DE ABRIL DE 2013
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A primeira questão é saber por que não pode ser esta política de que o Partido Socialista fala, ainda que
muito por alto, assim tão diferente do que neste momento estamos condenados a executar. E, para isso, basta
ler o PEC 4, o tão falado PEC 4 dos Srs. Deputados do Partido Socialista.
Ora, a este propósito, Sr. Ministro, pergunto: é ou não verdade que, no PEC 4, estão medidas e mais
medidas com caráter recessivo? É ou não verdade que, no PEC 4, estão medidas e mais medidas de corte de
despesa pública? E é ou não verdade que, no PEC 4, estão medidas e mais medidas de aumento da carga
fiscal? Se assim é, como é que o Partido Socialista pode dizer que o que aqui nos traz é uma alternativa?
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Em segundo lugar, é preciso esclarecer também que não é
verdade que exista, ao nível europeu, um debate que se faça entre uma perspetiva de rigor e uma perspetiva
de crescimento. Aliás, basta ler a carta que o Partido Socialista escreveu às instâncias internacionais para
perceber que é o próprio Partido Socialista que se compromete com o rigor e que solicita condições para o
crescimento.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Isso é exatamente o que esta maioria também defende e o
que tem necessariamente de cumprir.
Depois, é preciso esclarecer quais seriam as consequências, para as famílias portuguesas, para as
empresas portuguesas e para a economia portuguesa, da aprovação desta moção para perceber que ela não
é uma verdadeira alternativa.
No entanto, a responsabilidade do Governo é, perante isto, mostrar a razão de ser do rumo que está a ser
seguido. O que o Governo tem necessariamente de fazer é mostrar que, perante a insistência numa
alternativa, ainda assim, o rumo que está a ser seguido faz sentido.
É natural que as pessoas, neste momento, se questionem. Os portugueses sofrem e questionam-se sobre
o rumo que está a ser seguido. Os resultados não são aqueles que eram previstos, e é preciso explicar por
que é que assim é. E, sendo assim, é preciso também explicar que caminho está a ser seguido e onde se
pretende chegar.
O facto de não existir uma alternativa credível só aumenta a responsabilidade de quem tem de exercer
funções…
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — … e de quem tem de dar sentido a essas funções que neste
momento exerce.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Tudo isto faz também com que a rejeição desta censura
aumente, do ponto de vista externo, a responsabilidade do Governo de Portugal.
Por isso, pergunto, Sr. Ministro das Finanças, se é ou não verdade que, no âmbito dessa responsabilidade,
cabe ao Governo de Portugal continuar a bater-se pela adequação do Programa de Ajustamento à realidade,
que é necessariamente dinâmica e que nos tem mostrado dificuldades que inicialmente não estavam
previstas.
Também pergunto se é verdade ou não que esta responsabilidade deve ser usada para tornar exequível
este Programa de Ajustamento, com medidas como, por exemplo, aquela que o Governo, neste momento, tem
em curso, de renegociar as maturidades dos empréstimos para tornar a dívida e o pagamento da dívida
sustentáveis, facto que o Partido Socialista ignorou completamente com o timing em que apresentou esta
moção de censura.