4 DE ABRIL DE 2013
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Aplausos do PS.
O Banco de Portugal e o Banco Central Europeu deixaram bem claro que qualquer ajuda do Banco Central
Europeu implica um segundo resgate.
Portanto, Sr. Ministro das Finanças, o senhor ou está a negociar um segundo resgate ou pretende ir aos
mercados sem o auxílio do BCE, o que, como bem sabe, é uma impossibilidade.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. João Galamba (PS): — O Sr. Ministro das Finanças também referiu que o PS promete crescimento.
Sr. Ministro, o PS promete crescimento com políticas credíveis; o senhor promete crescimento com fantasias e
pensamento mágico.
O Sr. Ministro das Finanças veio aqui falar de crescimento para 2014 e 2015 e fundamenta-se nas
previsões do Banco de Portugal. Pois bem, o Banco de Portugal disse que as previsões semiotimistas para os
anos que vêm não incluem a refundação do Estado social e o corte na despesa pública.
O Sr. Ministro das Finanças propor aqui o corte na despesa pública de 4000 milhões de euros, com mais
ou menos desfasamento, não retirará Portugal de nenhuma recessão e irá agravar, de forma dramática, aquilo
que já é hoje o pior drama do País, que é o desemprego.
Aplausos do PS.
A única coisa que o Sr. Ministro e este Governo têm para prometer aos portugueses é isto, e é muito
simples: falhar, falhar de novo e falhar pior.
Está na altura de sair!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, o Sr. Ministro das Finanças disse que Portugal vive um
momento grave. É verdade. E com este Governo só pode vir a agravar-se ainda mais.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — O Sr. Ministro trouxe aqui aquela que é a agenda política deste Governo,
que é a destruição do Estado social, a destruição do modelo de Estado social de direito, construído em
resultado da Revolução de 25 de Abril e da Constituição de 1976. É essa a agenda política do Governo.
E o Memorando com a troica não é encarado por este Governo como uma fatalidade que o Governo tenha
sido obrigado a seguir, não só porque sempre esteve de acordo com ele, mas porque, de facto, este
Memorando corresponde à agenda política que o Governo quer seguir.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — Essa é a questão. Este Memorando encaixa na agenda do Governo, que o
aceita, porque ele serve de pretexto para a agenda política, social e económica que o Governo quer levar a
cabo e que é verdadeiramente de destruição nacional.
Aquilo a que o Sr. Ministro chama de «ajustamento» da nossa economia e cujo sucesso, segundo o Sr.
Ministro, é aferido pelas avaliações positivas que a troica vai fazendo, significa aquilo que os portugueses
estão a sentir: mais desemprego, mais destruição da economia nacional, menos apoio social, mais pobreza,
destruição e liquidação de direitos sociais, destruição da economia e abdicação da soberania nacional.
É esse o ajustamento que o Governo tem vindo a oferecer aos portugueses.