4 DE ABRIL DE 2013
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O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e
Srs. Deputados: Esta moção de censura apresentada pelo Partido Socialista é historicamente irresponsável, é
politicamente frouxa e é, sobretudo, um ato de egoísmo existencial.
É historicamente irresponsável porque é proposta por aqueles mesmos que, dois anos depois de terem
lançado o País na situação de pré-bancarrota, de terem chamado a troica, de terem comprometido o País com
o Memorando de Entendimento, querem aproveitar as dificuldades da recuperação para desperdiçar o esforço
que o País, as pessoas, as famílias e as empresas fizeram e estão a fazer para acudir à situação que eles
próprios criaram.
São os mesmos que foram governantes, que foram ministros e secretários de Estado, que foram os
Deputados que apoiaram o anterior Governo, que agora, refastelados nas cadeiras da primeira à última fila da
bancada do Partido Socialista, os mesmos «sem tirar nem pôr», querem nesta fase, dois anos depois, sem
nenhum decoro, tomar o poder.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PS.
Os protagonistas do despesismo, do endividamento, dos défices excessivos querem voltar com a mesma
receita e com a mesma ilusão. Portugal ainda não está refeito da tormenta que eles trouxeram e eles já
querem impor outra aventura.
Os pais da instabilidade financeira, económica e social do País, assumem agora a vontade de juntar a esse
legado a instabilidade política.
Mas esta moção é politicamente frouxa.
Uma moção de censura do principal partido da oposição devia ser diferente das tradicionalmente
apresentadas pelo PCP ou pelo Bloco de Esquerda. Devia ser uma verdadeira alternativa política, viável,
mobilizadora, exequível. Mas não é nada disso. É uma moção de mero protesto, de bota-abaixismo, de
radicalismo e de instabilidade.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — O PS baixou de divisão, autodespromoveu-se!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Deixou o campeonato da governabilidade e lançou-se voluntariamente na competição do extremismo e da
demagogia crónica.
O País merecia um PS construtivo, cooperante e dialogante. O País merecia a humildade do PS. O País
entregou-lhe nas urnas um período de cura de oposição, um período de avaliação do seu passado governativo
e de preparação de um novo projeto político.
O PS responde ao País com a soberba dos arrogantes: já chega de oposição! Estamos preparados, os
mesmos, as mesmas políticas para cumprirmos a mesma sina.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Vamos parar a austeridade e vamos crescer! Se for preciso pedimos
mais dinheiro. Não há serviço público que mude ou seja reestruturado. Aumentamos salários e aumentamos
pensões. Alguns impostos vamos baixá-los já!
E no fim do dia como é que ficamos? Outra vez à beira da bancarrota. E a seguir virá outra troica, outro
resgate e, porventura, outro Governo do PSD para pôr a casa em ordem.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Muito bem!