4 DE ABRIL DE 2013
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Vozes do PSD: — Não é verdade!
O Sr. Francisco de Assis (PS): — Esse era o verdadeiro projeto do PSD.
Vozes do PS: — Bem lembrado!
O Sr. Francisco de Assis (PS): — E, no fundo, continua a ser e tem vindo a aplicá-lo. Por isso, quando o
PSD ou o Governo, a maioria de direita (o CDS acabou por ir sempre a reboque) se confrontou com a
necessidade de cumprir tudo o que as instâncias internacionais, num estado de necessidade, nos impuseram,
não apenas se dispôs a cumpri-lo, porque tinha essa obrigação, mas cumpriu-o com indiscutível e proclamado
entusiasmo. Até achou que essa era a forma de impor ao País um programa em que se reconheciam mas que
achavam que, noutras circunstâncias, dificilmente teriam legitimidade para impor.
Esse é o problema fundamental, Sr.as
e Srs. Deputados!
Aplausos do PS.
O problema está justamente aqui e é por isso que esta moção de censura se justifica plenamente.
O problema deste Governo não é que este ou aquele ministro falhou (e vários, quase todos, infelizmente,
falharam); o problema deste Governo não é o equívoco nesta ou naquela área (infelizmente, somam-se
diariamente os equívocos); o problema está na génese, o problema está na essência da política económica
deste Governo, na visão que este Governo tem do País e é justamente isso que merece censura, porque,
hoje, estamos em condições de avaliar as consequências práticas desta política.
Aplausos do PS.
Sr.as
e Srs. Deputados: o Governo falhou. Claramente, falhou!
Não sei se falhou nos seus propósitos, mas falhou na tentativa de resolução dos problemas do País. O
País está hoje diferente e o País está hoje pior. E o Governo a única coisa que tem para opor é o célebre
recurso ao discurso dos «amanhãs que cantam»: tudo está pior, todos os dias somos desautorizados pela
realidade, todos os dias os indicadores económicos e sociais são mais negativos, mas há de haver um dia da
redenção em que, finalmente, alcançaremos a «terra prometida».
Já ninguém acredita nisso! Esse é o grande problema deste Governo: já ninguém, neste País, acredita
nisso!
Aplausos do PS.
Não somos só nós, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Já nem a maioria acredita!
O Sr. Francisco de Assis (PS): — Se olhar com atenção verificará que, perante o silêncio do Dr. Paulo
Portas e o facto de eminentes figuras do CDS, à saída das reuniões dos órgãos diretivos desse partido, virem
reclamar profundas alterações no Governo, eles não estão a dizer outra coisa que não seja: «Nós já não
acreditamos nisto! Nós achamos que é preciso mudar, nós queremos uma alteração profunda».
Protestos do CDS-PP.
Oiça o que dizem tantas e tantas pessoas — que não vou, naturalmente, citar — da sua área política: já
ninguém acredita nisto! Porque a vossa política foi testada, a vossa política foi aplicada e o resultado é, hoje,
plenamente conhecido.