4 DE ABRIL DE 2013
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E isto, Srs. Deputados do Partido Socialista, Sr. Deputado Francisco
Assis, isto é o Memorando da troica, este é que é o programa do Memorando da troica.
É por isso que dizemos e insistimos que é necessário demitir o Governo, é indispensável demitir o
Governo, mas também é necessário romper com o Memorando e defender outra política, porque, com a
mesma política, mesmo que com outro Governo, não teremos resultado diferente daquele que estamos a ter
agora.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — O PS disse aqui há pouco que defende mais investimento — supomos
que mais investimento público —, diz defender as funções sociais do Estado e nós perguntamos como é que
isso se compatibiliza com a aprovação de um tratado orçamental que é um verdadeiro garrote àquilo que seja
uma política pública de investimento, uma política pública de funções sociais do Estado. Como é que se faz a
inversão desta política sem uma renegociação da dívida, incluindo os seus montantes, sem travar as
privatizações, sem alterar a legislação laboral eliminando essa iníqua diminuição de indemnizações por
despedimento, que quer atirar para a rua muitos milhares de trabalhadores a preço de saldo?
Se a censura não traz outra política, Srs. Deputados do Partido Socialista, ela não é suficiente, porque esta
receita que o Governo aplica, a receita do Memorando, é como um medicamento fora de prazo: só agrava a
doença, que é como quem diz só agrava a situação do País. Mas a alternativa não pode ser a de mudar de um
medicamento de marca PSD/CDS para um suposto medicamento genérico de marca PS que tenha o mesmo
princípio ativo, que tenha a mesma política e que, portanto, tenha os mesmos resultados.
Se a censura não traz outra política, pode aliviar momentaneamente a dor de consciência do PS, mas
deixa por mudar o essencial. Seria como aplicar o velho comprimido Melhoral: se não fizer bem, também não
faz mal!
Não é disso que o País precisa, Srs. Deputados. Do que precisa é de atacar de frente a «doença» que é
este Memorando, que é esta política deste Governo, que é o pacto de agressão da troica!.
O Sr. Deputado António José Seguro disse, na intervenção inicial, o seguinte: «O Governo não quer mudar
de política, mas o País quer mudar de Governo». É verdade! E nós perguntamos: e o PS? Quer só mudar de
Governo ou quer também mudar de política?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, entramos na fase de encerramento deste debate que, como foi
anunciado, terá duas intervenções. A primeira do Governo, em que intervirá o Sr. Ministro de Estado e dos
Negócios Estrangeiros, e a seguir a do PS, partido autor da iniciativa, em que intervirá o Sr. Deputado Carlos
Zorrinho.
Tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros (Paulo Portas): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros
do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: A Assembleia da República discutiu hoje a moção de censura proposta
pelo Partido Socialista.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Está a discutir!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — A moção de censura é um instrumento
legítimo de combate político. Tão importante como afirmar este princípio é fazer uma distinção óbvia: há
moções de censura e moções de censura.
Vozes do PSD: — Muito bem!