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I SÉRIE — NÚMERO 73

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Uma demissão que, face ao continuado agravamento de todos os problemas do País, não só se tornou

numa urgência nacional como na primeira e mais imperiosa medida para estancar e inverter o rumo de

desastre com que o País se confronta.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — É inquestionável que a situação do País assume uma dimensão cada

vez mais grave e mais dramática, com o processo de destruição do País que está em curso e com o

generalizado empobrecimento dos portugueses. Uma situação cuja evolução e consequências estavam

inscritas no ADN das medidas e políticas adotadas no pacto de agressão assinado pelo PS, pelo PSD e pelo

CDS e na política deste Governo. Nós previmos e prevenimos; alertámos, precisamente a 5 de abril de 2011,

para as consequências de tal espúrio compromisso.

Depois de tantos e tantos sacrifícios, de tão pesado fardo imposto aos portugueses, com a tragédia do

desemprego, com o corte e o confisco dos salários, dos subsídios, das reformas e das pensões, com o

aumento dos preços dos bens essenciais e dos impostos, depois de tanta miséria espalhada de norte a sul,

com a drástica redução das prestações sociais, o País sabe que nenhuma das principais metas e objetivos

relativos à evolução da economia, do emprego, do défice e da dívida serão atingidos.

Enganou-se o Governo? As coisas correram mal como alguns dizem? Não é essa a verdade, Sr. Primeiro-

Ministro. O Governo sabe o que faz. O que quis foi enganar os portugueses quando anunciou que o ano de

2013 seria «o fim do caminho das pedras»!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Agora, como diz o Sr. Ministro de Estado e das Finanças (entretanto,

retirou-se, mas depois poderá ouvir o que disse), já não é para 2013, já não é para 2014, já não é para 2015,

parece que é para uma geração. Os sacrifícios são para uma geração.

Deixe-me contar-lhe uma coisa, Sr. Primeiro-Ministro. Na década de 60, muitas eram as mulheres do povo

que, quando tinham uma criança, desejavam que fosse menina, com medo da guerra. Hoje, nascem menos

crianças porque os jovens têm medo não da guerra mas do futuro que esta política e este Governo lhes nega.

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Temos a responsabilidade de tudo fazer para que o Ministro de

Estado e das Finanças se engane, lutando por um futuro melhor e devolvendo a esperança às novas

gerações.

Aplausos do PCP.

E, quanto ao que correu mal, sem dúvida que correu mal para a maioria dos portugueses, mas correu e

corre bem para o capital financeiro, para os grandes grupos económicos, designadamente estrangeiros, e para

os poderosos.

Esgotou-se a propaganda. Esgotou-se o tempo deste Governo. O reconhecimento, pelo Governo, de que

teremos até ao final do presente ano mais do dobro da recessão prevista no Orçamento do Estado para 2013

é a comprovação de que o caminho da ruína e de destruição continuam. É o prosseguimento da destruição

dos nossos setores produtivos e da ruína de milhares de micro, pequenos e médios empresários. Já se admite

que a taxa de desemprego chegará aos 19% no final deste ano, uma evolução que significa, em sentido

restrito, mais de um milhão de portugueses no desemprego e em sentido lato mais de 1,5 milhões, que é

também a prova irrefutável do falhanço deste Governo.

A recente constatação, pelo INE, de que o défice orçamental para 2012 é de 6,4%, quando a previsão

inscrita no Orçamento era de 4,5%, e a dívida pública de 123,6%, em vez dos 110,5% esperados, confirma

aquilo que o PCP há muito vem afirmando: que as políticas de austeridade, de concentração da riqueza não

só não resolvem os problemas do défice e da dívida como afundam e destroem o País!