I SÉRIE — NÚMERO 76
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Tribunal Constitucional, possamos criticar o facto de, pela primeira vez em democracia, um Primeiro-Ministro
atacar o Tribunal Constitucional. E em democracia não se ataca o Tribunal Constitucional, em democracia
defende-se e cumpre-se a Constituição!
Aplausos do PS.
Um dia, alguém poderá perguntar ao Sr. Presidente da República se considera isto um normal
funcionamento das instituições. Nós não consideramos.
Depois, o PSD assume a radicalização do discurso, da atitude.
Quem radicalizou as decisões assumidas pelos Srs. Deputados nesta Assembleia, que foram tomadas sem
o conhecimento do PS, das oposições, de toda a Assembleia? Sete revisões do Memorando, um Documento
de Estratégia Orçamental e um corte de 4000 milhões de euros nas despesas sociais.
Os senhores sempre nos hostilizaram, os senhores foram sempre radicais — são, aliás, o Governo mais
radical que a democracia conheceu desde o 25 de Abril. Os senhores passaram o tempo a apoucar o PS e
agora vinham pedir o apoio do PS para prosseguirem um caminho que tem conduzido o País ao estado em
que se encontra.
Vozes do PS: — Um desastre!
O Sr. José Junqueiro (PS): — Mas, atenção: há aqui a preparação do discurso para um segundo resgate
e há uma ideia de instabilidade, mas de instabilidade do Governo.
Recentemente, o porta-voz do Governo na televisão, o ex-presidente do PSD Marques Mendes, e também
Ângelo Correia e Silva Peneda, todos os governantes do PSD vieram a público exigir uma remodelação
governamental.
Através de Pires de Lima, porta-voz de Paulo Portas, veio idêntica exigência, precisando muito bem, aliás,
onde essa mudança se deveria realizar: nos ministérios da economia e de Miguel Relvas — e um já lá vai… a
metade do caminho, digamos.
Estes episódios lembram-nos que o Governo permite-se fazer tudo. Já substituiu 10 secretários de Estado,
inventando o conceito de remodelação em duodécimos, agora inventa um outro conceito, o da demissão a
prestações — os casos de Miguel Relvas e do secretário de Estado da Economia —, e termina com a ideia
fantástica da remodelação na praça pública.
Não é assim que se constrói a credibilidade, nem cá dentro nem lá fora.
Protestos do PSD.
O que realmente está em jogo é o seguinte: há um ano, por altura de abril, o que disseram Marcelo Rebelo
de Sousa e Marques Mendes? Disseram que era inevitável um segundo resgate. E Marques Mendes, o porta-
voz do Governo na televisão, disse o seguinte: «O segundo resgate é inevitável, mas o Primeiro-Ministro faz
bem em negar por causa dos mercados».
Mais tarde, o Presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) dizia: «Assim não, é preciso mais
tempo e mais dinheiro». E Eduardo Catroga, um homem sempre muito preciso, dizia: Serão necessários mais
30 000 milhões».
O PS desconhece esta conversa, desconhece o motivo deste discurso por parte da maioria, mas a maioria
lá sabe o que é que anda a fazer para tentar fazer chegar aos portugueses a ideia da inevitabilidade de um
segundo resgate!
Aplausos do PS.
Isto revela que o Governo estampou-se de propósito contra o Tribunal Constitucional. Com 1,3 milhões de
euros nas suas contas, interessa-lhe esconder o quê? Interessa-lhe esconder o desastre fiscal de 2012: mais
de 3000 milhões de euros! E os dramas que o Governo introduziu na vida dos portugueses são considerados,
friamente, danos colaterais.