11 DE ABRIL DE 2013
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Este é o caminho que temos vindo a fazer. Esta estratégia introduziu uma diferente filosofia de
corresponsabilização de políticos, da sociedade e dos diversos atores envolvidos neste processo.
Assim, foi feito um grande trabalho ao nível da melhoria da qualidade da infraestrutura nos seus mais
variados aspetos, na construção e, particularmente, na correção de traçados. Contudo, há ainda muito
trabalho a fazer e muito a melhorar.
Muito se evoluiu também no que diz respeito ao veículo, quer ao nível da sua segurança ativa quer ao nível
da sua segurança passiva.
Há que reconhecer ainda que a atitude dos cidadãos é diferente. Trata-se de um processo de melhoria e
qualificação contínuas dos nossos comportamentos, mas a cidadania, hoje, melhorou, existindo um grau mais
elevado de cidadania na utilização da nossa rodovia.
Além disto, é de justiça que se diga que há questões relacionadas com a melhoria da formação dos
condutores e com uma intervenção muito mais pedagógica das forças policiais, sendo também importante
referir-se o grande trabalho dos serviços de socorro e emergência, que contribuiu para a redução significa das
consequências desastrosas da sinistralidade.
A estratégia previa também uma revisão sistémica e profunda do Código da Estrada e o Governo está
agora, e bem — embora também pudéssemos dizer finalmente —, a apresentar a sua proposta de revisão
mais abrangente do Código da Estrada.
O Partido Socialista concorda, na generalidade, com a proposta de lei, relativamente à qual não tem
divergências de fundo, apenas discordâncias pontuais que, seguramente, traremos para o debate na
especialidade.
Esta proposta está sustentada essencialmente em dois grupos de questões: um de natureza mais
procedimental e legal, referente à intenção de sanar algumas inconstitucionalidades, nomeadamente aquelas
que resultam da aplicação, assim julgada, dos artigos 138.º, 153.º e 175.º, e também à agilização e melhoria
do processo contraordenacional, salvaguardando a defesa de direitos liberdades e garantias mas sem
prejudicar o cuidado necessário que a análise técnica destas questões nos vai exigir.
O outro grupo de propostas é de natureza mais filosófica, de política rodoviária, e tem a ver com uma
elevação significativa do estatuto dos chamados utilizadores vulneráveis do ambiente rodoviário, os peões e
os ciclistas. Convém relembrar que dois terços dos acidentes e um terço das mortes que ocorrem hoje no
ambiente urbano resultam essencialmente de falta de proteção a peões e ciclistas. Daí o enfase maior que dou
a esta vertente.
Por outro lado, há ainda a consagração de uma nova matéria, que é a da alteração da taxa de alcoolémia
para condutores em período probatório e para condutores de veículos especiais, os quais já hoje foram
referenciados.
Algumas das propostas apresentadas estão já enunciadas nas propostas de alteração, mas não tenho
dúvida de que as iniciativas do Bloco de Esquerda carrearão para a discussão na especialidade um maior
pormenor e uma maior qualidade no debate que se desenvolverá.
O mesmo acontece com o diploma do Partido Ecologista «Os Verdes» sobre a matéria dos direitos dos
velocípedes e dos peões, assim como com uma nova outra abordagem relativa ao artigo 119.º do Código da
Estrada, que tem a ver com procedimentos referentes a abates de viaturas em fim de vida e, sobretudo, com
processos de cancelamento e de anulação de matrículas. Estamos sensibilizados para este assunto. Temos
algumas dúvidas pontuais em relação aos impactos, mas estamos disponíveis para analisar e, depois, evoluir
para a nossa posição final, no debate na especialidade.
Com a abertura que o Governo demonstrou, estando recetivo a acolher propostas construtivas — e julgo
que todos estamos imbuídos desse espírito —, seguramente que o debate partidário, a audição de
especialistas e as propostas de alteração vão enriquecer consideravelmente esta proposta de alteração ao
Código da Estada. Estou convicto de que atingiremos, de uma forma marcante, uma nova versão do Código,
com uma nova modernidade, uma nova visão e uma nova ambição para o ambiente rodoviário em Portugal.
Nesta fase, viabilizaremos todos os projetos em apreço, embora, como há pouco já disse, com graus de
concordância relativamente distintos, mas estamos, sobretudo, completamente disponíveis para dar
contributos na especialidade (e o Partido Socialista vai fazê-lo), a vários níveis, alguns dos quais decorrem do
resultado do trabalho do Grupo de Trabalho — Segurança Rodoviária, que não estão aqui vertidos mas que
podem perfeitamente enquadrados. Havendo recetividade do Governo — e julgo que haverá —, concluiremos,