I SÉRIE — NÚMERO 76
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Relevamos, ainda, a importância de alguns dos aspetos da resposta necessária que estão
consubstanciados neste projeto de lei, nomeadamente os que respeitam à formação a ministrar pela Polícia de
Segurança Pública, ao acesso à carreira e à regulação de matérias importantes, tais como o equipamento e o
armamento, e às competências que são aduzidas às câmaras municipais quanto à delimitação das áreas de
atuação.
Relativamente à previsão do projeto que tem a ver com a detenção e entrega imediata às forças de
segurança, quando apanhados em flagrante delito, de suspeitos de crime punível com pena de prisão, gostaria
de recordar que esta previsão decorre do Código de Processo Penal, pelo que não careceria necessariamente
de uma inscrição na atual iniciativa legislativa.
Além disso, gostaria de dizer que não podemos deixar de ter em conta que este trabalho se faz com uma
prestação individual, que a atividade de guarda-noturno tem um risco muito elevado e que devem ser
asseguradas, qualquer que seja a iniciativa, todas as condições para a existência de um verdadeiro trabalho
em rede, quer com os demais guardas-noturnos quer com as forças de segurança, conforme previsto no
projeto de lei que o PCP apresenta.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Rui Paulo
Figueiredo.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr.ª Presidente, Caras e Caros Colegas: O regime jurídico e o
estatuto profissional da atividade de guarda-noturno merecem a nossa reflexão, portanto queria saudar o
Partido Comunista Português, em especial o Deputado António Filipe, por em boa hora trazer a Plenário este
tema. É algo que já estava a ser trabalho pelo Governo anterior do Partido Socialista e que, pelos vistos, e
ainda bem, também está a ser trabalhado pelo atual Governo.
Portanto, nós, Partido Socialista, consideramos que temos aqui também uma base de trabalho. Uma base
de trabalho que, naturalmente, merece ser ponderada, trabalhada, aprofundada e debatida, em sede de
especialidade, cruzando os contributos emanados do Governo com os dos restantes partidos políticos e tendo
em atenção, naturalmente, os contributos das diversas entidades ao nível das forças de segurança, ao nível
do tecido económico e social das nossas comunidades e ao nível do poder local.
O sentimento de insegurança é algo que nos preocupa sempre e que, nos tempos que correm, nos deve
preocupar mais.
Do mesmo modo, preocupa-nos a necessária reforma das forças e serviços de segurança, a consolidação
orçamental que devemos prosseguir, as necessidades crescentes ao nível de recursos humanos das forças e
serviços de segurança. Tudo isto são matérias que concorrem para a complementaridade da atividade de
guarda-noturno. De facto, podem ser elementos relevantes para melhorar a segurança de pessoas e bens, em
especial, como se depreende de todo o debate que ao longo dos anos tem ocorrido, nos grandes centros
urbanos.
Naturalmente, os guardas-noturnos não devem substituir as forças de segurança, a sua atividade não deve
confundir-se com a atividade de segurança privada, mas podem ter esse caráter de complementaridade e
assumir uma colaboração direta não só com as forças de segurança mas também com os diferentes
organismos do poder local e com as diferentes comunidades.
A necessária articulação com as câmaras municipais, com a PSP e com as comunidades, tal como está
expressa no projeto de lei do Partido Comunista Português, no essencial, parece-nos uma boa base de
trabalho, tal como o facto de não representar um acréscimo de encargos.
Temos visões diferentes em algumas matérias e em algumas disposições específicas, mas entendemos
que podem e devem ser dirimidas e confrontadas na especialidade, por isso manifestamos a nossa
disponibilidade para trabalhar em torno deste projeto.
Esperamos que a maioria faça jus a algumas das intervenções que já aqui fez e que deixe prosseguir este
debate, em sede de especialidade, para que esta matéria possa ser regulada como deve, porque penso que o
País e a segurança de pessoas e bens terão a ganhar com isso.