I SÉRIE — NÚMERO 78
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Vamos, desde já, proceder à verificação do quórum de deliberação, utilizando o sistema eletrónico.
Pausa.
Entretanto, reassumiu a presidência a Presidente, Maria da Assunção Esteves.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, o quadro eletrónico regista 209 presenças, às quais se acrescentam
5 (Deputada do PS Idália Salvador Serrão, Deputados do PSD Teresa Leal Coelho, Luís Montenegro e
Arménio Santos e Deputado do CDS-PP Telmo Correia), perfazendo 214 Deputados, pelo que temos quórum
para proceder às votações.
Srs. Deputados, vamos começar pelo voto n.º 120/XII (2.ª) — De pesar pelo falecimento da ex-Primeira-
Ministra do Reino Unido Margaret Thatcher (PSD e CDS-PP), que vai ser lido pelo Sr. Secretário Paulo Batista
Santos.
O Sr. Secretário (Paulo Batista Santos): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, o voto de pesar é do
seguinte teor:
«Margaret Hilda Roberts Thatcher nasceu em 1925 no Linconshire, Inglaterra.
Cedo demonstrou capacidade para a intervenção política tendo sido representante estudantil e Presidente
de associação de estudantes na Universidade de Oxford, em 1946.
Eleita para o Parlamento pela primeira vez em 1958 pelo círculo eleitoral de Finchley, desde logo se
destacou pela defesa empenhada de posições públicas firmes, nem sempre alinhada pelas do seu partido
político — o Partido Conservador.
Antes de chegar ao n.º 10 de Downing Street ocupou várias pastas governamentais e de porta-voz da
oposição: Secretária de Estado das Pensões e Segurança Social no Governo de Harold Macmillan, da
Habitação, da Energia ou como Ministra da Educação e Ciência. Em tudo o que fazia colocava empenho,
determinação e resultava controvérsia. Ninguém podia ficar indiferente.
Substituindo o anterior primeiro-ministro Edward Heath no Partido em 1975, após a vitória dos trabalhistas
nas eleições gerais anteriores, e como líder da oposição assumiu uma postura anti-keynesina na defesa de
uma menor intervenção pública na economia, menos impostos e mais liberdade.
Foi por esta altura que assumiu uma oposição frontal ao totalitarismo do regime soviético e que, em
consequência, ganhou o apelido de Dama de Ferro que viria a marcar a sua forma de estar na política e que
lhe granjeou reconhecimento pelo mundo fora, nomeadamente quando foi dos primeiros líderes europeus a
perceber a motivação reformadora de Gorbatchov.
Após as eleições de 1979, os conservadores ganham as eleições e Margaret Thatcher torna-se a primeira
mulher a assumir as funções de Primeira-Ministra no Reino Unido.
Assume uma profunda intervenção na condução da política económica no Reino Unido para inverter a crise
da economia britânica. O seu plano de privatizações fica célebre, bem como a sua capacidade reformista
centrada na iniciativa privada, no trabalho e no mérito.
No plano internacional, mantém uma posição dura face à União Soviética na sequência da invasão do
Afeganistão. Em 1982, intervém na Guerra das Malvinas/Falkland conquistando a opinião pública, na defesa
das ilhas que reclama ser território britânico na América do Sul em conflito com a Argentina.
Em 1984, enfrenta graves conflitos sociais, em particular a greve dos mineiros fortemente reprimida e, a
pretexto do problema da Irlanda do Norte, sofre um atentado à bomba em Brighton do qual sai ilesa.
Em 1987, ganha pela terceira vez as eleições legislativas, no que irá ser o seu último mandato marcado
pela recusa da maior integração europeia e pelo não menos célebre poll tax (imposto de natureza regressiva)
e que viria a merecer uma fortíssima resistência popular e que levou à perda do apoio do seu partido. Sai em
1990 substituída por John Major.
Entretanto, deixa a Câmara dos Comuns e assume um lugar na Câmara dos Lordes como Baronesa
Thatcher de Kesteven.
O percurso de Lady Thatcher marca aliados e opositores. A sua forte personalidade e postura marcam uma
época de grandes transformações e realizações no Reino Unido, na Europa e no Mundo. Fica para a história
como uma das grandes líderes do século XX a par de outro grande Primeiro-Ministro britânico como Winston