I SÉRIE — NÚMERO 78
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realizou três exercícios nucleares, o último dos quais em fevereiro de 2013, gerando alarme na região e
acelerando a desconfiança internacional sobre as intenções do regime. Além de gerar uma tensão
permanente, a sua nuclearização com fins militares não tem, manifestamente, contribuído para a melhoria das
condições de vida dos cidadãos norte-coreanos, empobrecendo-a de acordo com critérios da ONU e isolando-
a do concerto das nações.
O teor das ameaças e o comportamento da Coreia do Norte são tão preocupantes como condenáveis e
devem merecer os esforços político-diplomáticos de todos os Estados para pôr termo à situação e um apelar
ao regresso à mesa de negociações. Portugal não pode ficar indiferente e contribuirá para esse objetivo no
interior das organizações internacionais de que faz parte.
Assim, a Assembleia da República manifesta grande preocupação e condena, de forma inequívoca, a
escalada argumentativa desenvolvida pela Coreia do Norte e sublinha a importância do seu termo e do
regresso à diplomacia e às negociações internacionais.»
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PSD, do PS, do CDS-PP, do BE e de Os Verdes
e voto contra do PCP.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, peço a palavra.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, é para anunciar à Câmara que Os Verdes
apresentarão uma declaração de voto a propósito da votação que acabou de realizar-se.
A Sr.ª Presidente: — Fica registado, Sr.ª Deputada.
Srs. Deputados, o Sr. Secretário Jorge Fão vai proceder à leitura do voto n.º 122/XII (2.ª) — De
condenação e preocupação sobre a situação da península da Coreia (PCP).
O Sr. Secretário (Jorge Fão): — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«A península coreana encontra-se dividida há mais de meio século como resultado de uma brutal guerra de
ingerência e agressão e permanece há mais de seis décadas fortemente militarizada, com o estacionamento
na Coreia do Sul de dezenas de milhares de soldados e sofisticado equipamento militar, incluindo não
convencional, dos Estados Unidos da América.
As ameaças e a retórica belicista que têm marcado os últimos tempos, com a mobilização de poderosos
meios militares para a região da Ásia-Pacífico e a realização de exercícios militares claramente hostis e
provocatórios, fazem recear um caminho de consequências imprevisíveis para os povos da região e para a
segurança internacional e não podem ser dissociados do processo de militarização do Pacífico sul conduzido
pelos Estados Unidos da América com a deslocação de vultuosos meios militares e o reforço da sua presença
nas bases militares da região, numa clara relocalização geoestratégica visando a República Popular da China.
Na perigosa situação que se vive na península da Coreia, somente um processo político de diálogo entre
iguais, livre de ingerências e pressões alheias aos interesses do povo coreano, poderá abrir caminho à
reunificação pacífica do País e à construção de uma Coreia unificada, livre de bases e forças militares
estrangeiras.
Considerando que o aumento da tensão na península da Coreia constitui uma séria ameaça para a paz
nesta região e no mundo, e recordando que o Tratado de Não Proliferação preconiza o simultâneo
desmantelamento dos arsenais nucleares existentes no mundo, a Assembleia da República, reunida em
plenário em 12 de abril de 2013, apela à contenção de todas as partes envolvidas no conflito da península da
Coreia para que se abstenham de levar a cabo ações de consequências imprevisíveis e para que retomem de
imediato negociações baseadas no reconhecimento e respeito mútuos.»
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar.