19 DE ABRIL DE 2013
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Situações como as que acabei de descrever existem um pouco por todo o País. Por tudo isto, Sr.ª Ministra,
é necessário ordenar e saber quem pode fazer o quê, onde, quando e como.
Também o eterno problema da burocracia associada ao mar parece ter, nesta proposta de lei, um
tratamento especial e positivo, levando à sua simplificação. Sublinha-se que essa simplificação será
conseguida através de uma desmaterialização do processo de licenciamento do uso do mar, com suporte
numa plataforma eletrónica.
A pergunta que lhe deixo, Sr.ª Ministra, é a seguinte: como prevê que possa ser feita a articulação entre os
atuais planos de ordenamento da orla costeira (POOC) e os futuros instrumentos de ordenamento do espaço
marítimo que referiu, concretamente os planos de situação e os planos de afetação?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra, que dispõe de mais 2 minutos cedidos
pelo CDS-PP e pelo PSD.
A Sr. Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território: — Sr.ª
Presidente, agradeço as intervenções das Sr.as
e dos Srs. Deputados e vou tentar responder, com a rapidez
que o tempo me impõe, às questões que foram colocadas, sem prejuízo de, depois, noutra altura e noutro
contexto, podermos debater melhor estas matérias.
Sr.ª Deputada Paula Santos, tomo boa nota das suas preocupações, mas quero começar por lhe dizer que
são, a meu ver, preocupações infundadas. É sabido que o mar é domínio público e sempre será domínio
público, domínio público nacional, e, como é evidente, não pode ser retalhado e não pode ser vendido, nem é
isso que está aqui em causa.
Se olhar bem para o artigo 5.º da proposta de lei, que define os objetos do ordenamento do espaço
marítimo nacional, verá que nele se refere, com muita clareza, que o objetivo é valorizar e otimizar plenamente
os nossos recursos com respeito pelo meio ambiente, e isto far-se-á garantindo a compatibilidade e a
sustentabilidade dos diversos usos, atendendo à responsabilidade intergeracional na utilização do espaço e
visando a criação de emprego.
Sr.ª Deputada, entendemos que criar riqueza para o País é também criar riqueza em torno do mar e criar
postos de trabalho. Para isso precisamos de ter um ordenamento bem feito, precisamos de ter um
licenciamento ágil e simples, com certeza, precisamos que empresas privadas se interessem pelo nosso mar,
com certeza, precisamos todos, em conjunto, trazer o maior investimento possível para o nosso mar, porque
Sr.ª Deputada, é daí que se cria riqueza e é daí que se criam postos de trabalho e melhores condições para os
portugueses.
Queria, ainda, dizer-lhe que, neste trabalho de afetação e de preparação do ordenamento, está garantido
— e o artigo 7.º é claro — todo o direito de informação e de participação nesta matéria.
Permita-me responder já ao Sr. Deputado Luís Fazenda, que também colocou questões relacionadas com
este aspeto, dizendo-lhe que quanto às questões relacionadas com esta lei e com os estatutos das regiões
autónomas, não há nenhuma incompatibilidade; pelo contrário, há total respeito por aquilo que está na
Constituição e nos vários estatutos. Lembro que não há domínio público regional, o domínio público é
nacional, mas na gestão do espaço naturalmente que ela deverá ser partilhada.
No que respeita a uma questão que partilhou com a Sr.ª Deputada Paula Santos, sobre prazos de
concessões e prazos de utilização, aquilo que a lei refere, no que respeita às concessões, é que elas podem ir
até 75 anos.
Acho interessante terem feito agora esta pergunta, porque há uns tempos me perguntavam por que é que
nós não temos áreas concessionadas para a aquacultura até 75 anos, como há, por exemplo, em Espanha,
que faz com que Espanha seja muito mais competitiva do que nós nessa matéria.
Portanto, posso dizer-vos que a lei não fecha, a lei permite discutir essa matéria, com certeza, com as
necessidades de contrapartidas, atendendo ao interesse nacional.
Sr. Deputado Luís Fazenda, quanto à dimensão da lei de bases e à remissão para diplomas posteriores, é
sempre necessário o desenvolvimento em diplomas posteriores e, com certeza, que o Parlamento pode