I SÉRIE — NÚMERO 80
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discutir o que entende que deve ficar de mais detalhe nesta lei de bases ou aquilo que pode ficar para um
outro momento.
Sr.ª Deputada Lídia Bulcão e Sr. Deputado Hélder Silva, este diploma faz parte da nossa estratégia de
ordenamento do espaço marítimo e é uma peça essencial da estratégia nacional para o mar, que visa olhar
para o mar em toda a sua globalidade, naturalmente com as especificidades que ele próprio tem e que
decorrem da sua própria dimensão geográfica, como bem foi referido no que respeita aos Açores e à Madeira.
Sr. Deputado Hélder Silva, de facto, queremos trazer mais compatibilidade entre os vários instrumentos e,
respondendo muito concretamente à questão sobre os planos de ordenamento da orla costeira, quero dizer-
lhe que eles serão integrados automaticamente nestes planos de situação naquilo que interfira com a
utilização da parte relacionada com o mar e o desafio que temos é o de fazer a compatibilização dos vários
usos.
Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, não me esqueci da sua questão, mas, como já não tenho tempo e porque
a sua questão é um bocadinho à margem deste nosso debate de hoje, depois podemos dar os
esclarecimentos necessários quanto ao desenvolvimento dessa matéria.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Antes de dar a palavra à Sr.ª Deputada Ana Paula Vitorino, porque ontem não houve
oportunidade de o fazer, quero cumprimentar o Sr. Deputado António José Seguro pela reeleição, no último
fim de semana, para o cargo de Secretário-Geral do PS e desejar-lhe, a si e ao PS, as maiores felicidades.
Aplausos gerais.
Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Paula Vitorino.
A Sr.ª Ana Paula Vitorino (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr. Ministro dos Assuntos
Parlamentares, a quem cumprimento por ser a primeira vez que está no Plenário nesta qualidade, Sr.as
e Srs.
Deputados: Desde 1998, Ano Internacional dos Oceanos, onde Portugal desempenhou um papel relevante,
que o mar e a sua importância entraram no léxico e nas preocupações, quer a nível europeu, internacional,
quer a nível nacional.
Em Portugal, a aposta no nosso mar também entrou no léxico político e económico e apostou-se em
atividades de elevado valor acrescentado, nomeadamente no turismo, nos portos, na logística, mas muito há
para fazer.
Em Maio de 2009, Portugal submeteu às Nações Unidas a proposta de extensão da plataforma continental
que, a ser aprovada, como todos esperamos, fará com que Portugal fique com o direito soberania no que
respeita à exploração e aproveitamento dos recursos naturais do leito do mar e subsolo marítimo para além
das 200 milhas náuticas.
Com este alargamento, que é substancial, a parte sob jurisdição nacional imersa, que hoje é 18 vezes a
parte terrestre, ficará a ser quase 42 vezes superior.
Esta possibilidade de extensão da plataforma continental constitui, de facto, uma enorme oportunidade
para Portugal, uma vez que quer na atual quer na futura área existe uma enorme biodiversidade e um grande
potencial em recursos vivos, minerais e energéticos, cuja importância é cada vez maior, atendendo à sua
progressiva utilização e escassez.
Representa, no entanto, também uma enorme responsabilidade e um grande desafio para o nosso País,
em matéria de conhecimento, de valorização e da sua proteção. É necessária, de facto, uma aposta
estratégica nacional clara e pragmática no mar.
Infelizmente, não tem sido essa a política governamental na área do conhecimento e da ciência, mas são
essas as razões porque o Grupo Parlamentar do Partido Socialista saúda a Sr.ª Ministra do Mar e o Sr.
Secretário de Estado do Mar pela iniciativa de estabelecer as bases do ordenamento e da gestão espacial do
espaço marítimo nacional.
Saudamos igualmente a abertura de VV. Ex.as
para que se possa aprofundar e melhorar esta proposta de
lei, em sede de especialidade, esperamos que com recursos a várias audições com especialistas.