I SÉRIE — NÚMERO 96
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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, para além de mais duas declarações políticas a que já fiz referência,
por um dever de igualdade e de lealdade, anuncio também que será proferida, hoje, pelo Sr. Deputado do PS
Acácio Pinto, uma intervenção ao abrigo do n.º 2 do artigo 76.º do Regimento, que não é contabilizável nos
tempos do grupo parlamentar em que se inclui.
Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Freitas, do PS.
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Mais um chumbo, mais uma
inconstitucionalidade declarada, desta vez ao novo estatuto das entidades intermunicipais e ao regime jurídico
da transferência de competências do Estado para essas entidades.
Mais um processo em que o Governo partiu isolado, com ideias feitas, sem ninguém querer ouvir, optando
por criar um nível autárquico intermédio, de âmbito sub-regional, não previsto na Constituição da República,
em detrimento do reforço das cinco regiões administrativas e da efetiva articulação territorial, através das
comissões de coordenação e desenvolvimento regional.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Muito bem!
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Neste balão de ensaio, está tudo o que é preciso para sabermos que este
Governo já não é capaz de fazer avançar o País.
Esta maioria e este Governo optam sistematicamente pelo isolamento, decidem e legislam contra tudo e
contra todos: contra os municípios, contra os portugueses, contra a Constituição!
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Muito bem!
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Este é um chumbo para um Ministro que já não o é, mas é acima de tudo
mais uma marca do fracasso desta maioria e deste Governo.
Este Governo não tem uma ideia sobre a administração territorial do Estado, sobre a importância da
qualidade dos serviços de proximidade e, em nome de uma eficiência abstrata, a maior parte das vezes
duvidosa, corta, corta, inventa, inventa, deixando um rasto de destruição sem precedentes nas funções do
Estado.
Acabaram à pressa com os governos civis, sem assegurar a transferência de competências para entidades
idóneas e estão, agora, em apuros para resolver o problema do escrutínio eleitoral. Tentaram os municípios,
tentaram as conservatórias dos registos das capitais de distrito, mas desistiram porque não tinham a certeza
da funcionalidade da solução.
Agora, na última versão, diz o Governo que será criado um centro de recolha único — não se sabe como,
nem com que abrangência, quem o integra e quanto custa a mais.
Com a reinstalação das novas freguesias para realizar as eleições, aumentaram as dificuldades e a
despesa, anunciando o Governo que vai notificar, pessoalmente, os eleitores das cerca de 1000 freguesias
alteradas e lançar campanhas que custarão milhões.
É claro que a extinção de governos civis e de freguesias não representa nenhuma melhoria para o serviço
às populações, e a conta da despesa pública inerente a estas decisões ainda está por apurar.
Aplausos do PS.
Mas o Governo continua imparável neste momento de desagregação das administrações públicas. O
Ministério da Administração Interna anuncia uma nova orgânica da Autoridade Nacional de Proteção Civil, com
a criação de cinco agrupamentos distritais para operação e socorro: os agrupamentos Norte, Centro Norte,
Centro Sul, Sul e Algarve. Cinco agrupamentos, exatamente cinco, que poderiam e deveriam coincidir com as
regiões-plano, exatamente com o mesmo número de operacionais, com o mesmo custo, mas com uma
coerência e nexo territorial.
Vozes do PS: — Muito bem!