27 DE JUNHO DE 2013
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não tem tempo nem tem argumentos!
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do PSD.
Sr. Deputado Luís Montenegro, faça favor.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr.
Primeiro-Ministro, a primeira questão que eu gostava de lhe colocar, Sr. Primeiro-Ministro, tem a ver com o
compromisso, importante, que foi alcançado entre o Governo e os sindicatos dos professores. Creio que se
criaram condições para que a normalidade possa regressar às nossas escolas. É, portanto, uma notícia boa.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, fica a sensação de se ter criado uma instabilidade desnecessária aos alunos e às
suas famílias quer no que toca à greve às avaliações quer, sobretudo, no que toca à greve aos exames do
passado dia 17.
Daí que lhe coloque esta primeira questão no sentido de perceber o que mudou de essencial, isto é, que
mudanças de fundo houve relativamente às partes envolvidas nesta negociação. Isto porque parece que elas
não terão sido de monta, de modo a poder alterar o que já se conhecia antes do dia 17, pelo que,
aparentemente, essa greve poderia ter sido evitada.
Uma segunda questão que lhe queria colocar, Sr. Primeiro-Ministro, tem a ver com os dados conhecidos da
execução orçamental relativamente aos primeiros cinco meses do ano.
Muitos foram aqueles que, quando o Orçamento que está em vigor foi aprovado, duvidaram que nesta
altura fosse possível perspetivar chegarmos ao fim do exercício orçamental e cumprirmos os objetivos que
foram definidos e aprovados no Orçamento.
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, atendendo ao facto de esses números terem sido ontem conhecidos e de
se poder inferir dos mesmos que as metas são alcançáveis, é ou não verdade que, do ponto de vista do
exercício orçamental, estamos em condições de poder caminhar e cumprir as metas que estão no Orçamento?
É verdade que os mais pessimistas, mesmo os mais derrotistas, veem problemas em tudo. Veem
problemas na execução do 1.º trimestre e nas respetivas explicações e vem agora com a noção de que o
Governo está a mascarar os números da execução orçamental e que esses números são uma mera ilusão.
Não explicam é por que é que dizem e por que é que fazem esta afirmação. Enfim, tudo serve para uma tirada
para os telejornais e para a imprensa do dia seguinte!
A verdade, Sr. Primeiro-Ministro, é que, olhando precisamente para esses números, podemos colocar
questões.
É ou não verdade que o défice está abaixo daquilo que estava previsto, apesar do aumento das despesas
sociais e do aumento dos encargos com os juros?
É ou não verdade, Sr. Primeiro-Ministro, que estamos sem défice externo e com excedente no saldo da
balança de bens e serviços?
É ou não verdade, Sr. Primeiro-Ministro, em relação a uma matéria que tratámos aqui no último debate
quinzenal, que as dívidas com os pagamentos em atraso estão a diminuir?
É ou não verdade, Sr. Primeiro-Ministro, que alguns setores da Administração, como, por exemplo, as
autarquias locais, estão também a cumprir o esforço que é pedido para que possamos atingir as metas no final
do ano?
É importante que, neste debate, estas questões tenham resposta.
Como sempre temos dito, Sr. Primeiro-Ministro, a consolidação orçamental e a estabilização financeira do
País são essenciais para reganharmos confiança, para reganharmos estabilidade e para reganharmos
esperança.
Todos sabemos que o País só consegue recuperar se formos capazes de fomentar o investimento, se
formos capazes de iniciar um novo ciclo de crescimento económico e se formos capazes de gerar emprego.
De resto, todos o sabemos, o desemprego em Portugal é elevadíssimo e é preocupante. E não é de hoje. É
verdade que esta crise acentuou esse flagelo, mas, infelizmente, na década anterior ao início de funções deste
Governo, até em anos em que houve crescimento económico, o desemprego ia aumentando.
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, tudo o que pudermos fazer é muito pouco para aquilo que é necessário
para poder obstar a esta situação. Só que muita coisa não depende de nós, precisamos também de respostas
europeias. Trataremos dessa questão no debate que iremos ter a seguir.