27 DE JUNHO DE 2013
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O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, ao terminar dir-lhe-ia que este caminho
de recuperação de Portugal exige uma visão integrada, uma visão de longo alcance.
Nós, nesta maioria e neste Governo, não estamos aqui apenas e só para as decisões mais fáceis, estamos
também para as decisões mais difíceis.
Reformar o Estado implica decisões difíceis e gostaríamos que todos tivessem coragem não só para
apresentar medidas fáceis, mas também para discutir e colocar em cima da mesa, arriscar, ousar aquilo que é
mais difícil, mas, se calhar, aquilo que é mais difícil é o mais importante.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, quanto à primeira questão que
colocou a propósito do entendimento que foi possível estabelecer com os sindicatos dos professores, quero,
em primeiro lugar, saudar esse entendimento que, julgo, é importante. Ainda para mais numa semana em que
algumas forças políticas, como se viu, procuram encher expetativas para a greve geral de amanhã, é
importante que os sindicatos tenham querido mostrar também alguma capacidade de entendimento com o
Governo, mesmo em momentos de maior pressão política e social.
A minha primeira palavra é, pois, de saudação porque eu próprio, na véspera, em declarações públicas que
fiz, tinha apelado a esse espírito de compromisso. Sempre que se faz um compromisso, tem de haver
cedências de parte a parte. Aquilo que eu disse foi que o Governo não poderia ceder no essencial, o
compromisso tinha de representar alguma coisa que acrescentasse à situação estrutural do País.
Ora, desse ponto de vista — e é a segunda nota que queria deixar —, o Governo concretizou aquilo que,
pela voz do Ministro da Educação, já tinha manifestado abertura para fazer.
Desde o início, no essencial, a greve dos professores, que teve lugar no dia 17 de junho, foi convocada
tendo por pano de fundo o alargamento das 35 para as 40 horas, que poderiam implicar um aumento da carga
letiva dos professores, e a aplicação de um regime de requalificação ou de mobilidade dos professores
efetivos.
Relativamente a estas duas matérias principais e que, de certa maneira, são transversais na Administração
Pública, porque não se aplicam apenas aos professores, mas a toda a Administração, o Ministro da Educação
disse que o aumento das 35 para as 40 horas semanais não iria refletir-se na carga letiva dos professores,
dado que é sabido que os professores trabalham por um período muito superior ao da sua carga letiva, desde
logo quando preparam as aulas, quando fazem as avaliações, e por aí fora, e é consabido que já hoje muitos
professores trabalham até mais do que 40 horas. Teria de haver, portanto, uma adaptação deste regime à
área da educação e aos professores, mas ele não iria refletir-se num aumento das horas letivas dos
professores. Teria de haver uma acomodação em todo o regime não letivo. Foi isso que o Governo manteve.
O Ministro da Educação disse também que, durante o ano letivo de 2013/2014, não via necessidade de
colocar professores efetivos num regime de requalificação, e explicou porquê. Porque há vários outros
instrumentos que estão a ser utilizados pelo Governo para conseguir reduzir ao mínimo indispensável os
chamados «horários zero», isto é, a existência de professores efetivos que não dão aulas, que não têm
atividade letiva enquanto, do outro lado, o Estado tem de contratar professores para dar aulas noutras escolas
onde há necessidade de professores.
O Governo disse que isto não podia continuar e que iria adotar mecanismos para evitar estas situações, e é
isso que estamos a preparar. De resto, no despacho que, com muita antecedência, o Ministro fez para a
preparação do ano letivo 2013-2014, estas matérias já lá estavam vertidas.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, o Governo, no essencial, manteve a sua predisposição. Estas regras
são para aplicar transversalmente. Não há nenhum compromisso de que, para futuro, não venha a ser
necessário que mecanismos de requalificação não sejam aplicados na área dos professores, não há nenhuma
necessidade de o fazer neste ano letivo e não deixaremos de, com os sindicatos, fazer a avaliação do impacto